sábado, 19 de outubro de 2013

VIÚVOS FELIZES


A semana passada foi de muita angústia e de desespero, para a geração, já denominada, indecentemente, “peste grisalha”, ao exigir, e muito bem, que não lhe cortem pensões ou lhes mexam em direitos adquiridos

Neste caso, os viúvos e viúvas. A oposição martelou toda a semana o caso, ou seja, “houve quem quisesse alarmar sem escrúpulos a população”. 

Começou por correr que o corte nas pensões de sobrevivência seria a partir de 600€, tabela que foi aumentando, à medida que o tempo ia passando. 

Por culpa do governo, que não adiantou mais cedo o tecto máximo a partir do qual haverá cortes (2.000€). Isto denuncia que o problema não foi fácil de resolver, antes se arrastou até domingo à noite, na reunião extraordinária para aprovar o Orçamento para 2014 em que a austeridade continuará a sentir-se de forma desalmada e afrontosa. O governo deve ter levado em conta a reacção dos partidos, mas também as declarações da própria igreja. Era realmente uma imoralidade. 

Quem veio sossegar as gentes, desarmar a oposição, repondo a verdade, foi Portas nos noticiários da noite de domingo, sinal que não foi pacífica a solução de equidade encontrada. Pela primeira vez o governo terá praticado justiça e equidade. Medida tomada “por critérios de justiça social”, Portas garantiu que 96,5% dos pensionistas viúvos poderão ficar “absolutamente sossegados e tranquilos”. 

Ou seja, só 25 mil reformados irão ser sacrificados a partir de Janeiro. O político considerou mesmo que não se trata de um corte, mas de “uma solução de recurso” que se aplicará a quem receber mais de 2.000€. 

Mas no caso de haver quem tenha duas pensões iguais, mil euros, a primeira, fruto do trabalho, e a segunda por viuvez, com mais um cêntimo, não será penalizado na primeira, mas, sim, na segunda, mas “nenhuma pessoa em nenhuma circunstância perde a integralidade da segunda pensão, mesmo que os seus rendimentos sejam verdadeiramente muito, muito altos”.

PS: M. Soares, o incendiário, em entrevista diz que este “é um governo de delinquentes” que deverão ser presos, findas as funções, ele que deu um rombo nas finanças, ao propor as subvenções vitalícias dos políticos, que continuam. Mas não olha para trás nem para o lado. É que esta medida já deveria  ter sido aplicada a outros delinquentes.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 17 de Outubro de 2013