A semana
passada foi de muita angústia e de desespero, para a geração, já denominada,
indecentemente, “peste grisalha”, ao exigir, e muito bem, que não lhe cortem
pensões ou lhes mexam em direitos adquiridos.
Neste caso, os viúvos e viúvas. A
oposição martelou toda a semana o caso, ou seja, “houve quem quisesse alarmar
sem escrúpulos a população”.
Começou por correr que o corte nas pensões de
sobrevivência seria a partir de 600€, tabela que foi aumentando, à medida que o
tempo ia passando.
Por culpa do governo, que não adiantou mais cedo o tecto
máximo a partir do qual haverá cortes (2.000€). Isto denuncia que o problema
não foi fácil de resolver, antes se arrastou até domingo à noite, na reunião
extraordinária para aprovar o Orçamento para 2014 em que a austeridade
continuará a sentir-se de forma desalmada e afrontosa. O governo deve ter
levado em conta a reacção dos partidos, mas também as declarações da própria
igreja. Era realmente uma imoralidade.
Quem veio sossegar as gentes, desarmar a
oposição, repondo a verdade, foi Portas nos noticiários da noite de domingo,
sinal que não foi pacífica a solução de equidade encontrada. Pela primeira vez
o governo terá praticado justiça e equidade. Medida tomada “por critérios de
justiça social”, Portas garantiu que 96,5% dos pensionistas viúvos poderão
ficar “absolutamente sossegados e tranquilos”.
Ou seja, só 25 mil reformados
irão ser sacrificados a partir de Janeiro. O político considerou mesmo que não
se trata de um corte, mas de “uma solução de recurso” que se aplicará a quem
receber mais de 2.000€.
Mas no caso de haver quem tenha duas pensões iguais,
mil euros, a primeira, fruto do trabalho, e a segunda por viuvez, com mais um
cêntimo, não será penalizado na primeira, mas, sim, na segunda, mas “nenhuma
pessoa em nenhuma circunstância perde a integralidade da segunda pensão, mesmo
que os seus rendimentos sejam verdadeiramente muito, muito altos”.
PS: M.
Soares, o incendiário, em entrevista diz que este “é um governo de
delinquentes” que deverão ser presos, findas as funções, ele que deu um rombo
nas finanças, ao propor as subvenções vitalícias dos políticos, que continuam.
Mas não olha para trás nem para o lado. É que esta medida já deveria ter sido aplicada a outros delinquentes.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 17 de Outubro de 2013