As cidades surgiram
pela necessidade de comunicação do Homem e de, em comunidade, serem dadas
respostas às suas necessidades e vontades; como tal, as cidades nunca foram,
não são e nunca serão, realidades estáticas e imutáveis, antes pressupõem um
dinamismo que permita acompanhar a sua evolução do tempo, acomodando-se às
novas exigências, necessidades e vontades das suas populações.
Por essa razão, a regeneração urbana de
qualquer cidade é sempre uma aposta no desenvolvimento de um espaço aprazível para se estar, para
circular e para conviver, uma aposta na qualidade de vida da sua população.
Incontornável no seu desenvolvimento, Oliveira do Bairro tem na antiga EN 235, um espaço de grande carga simbólica e identitária, numa relação afectiva com os oliveirenses que permanece e se aprofunda com a história da própria cidade enquanto expressão máxima da vivência em comunidade.
Incontornável no seu desenvolvimento, Oliveira do Bairro tem na antiga EN 235, um espaço de grande carga simbólica e identitária, numa relação afectiva com os oliveirenses que permanece e se aprofunda com a história da própria cidade enquanto expressão máxima da vivência em comunidade.
Com o privilégio de se
situar no coração da cidade e em função de uma cada vez maior exigência de
conforto no usufruto do espaço público, na valorização da qualidade ambiental
do território urbano, no apoio à realidade económica local e no incremento da
qualidade urbanística, qualquer processo de regeneração urbana da cidade de
Oliveira do Bairro tem, inapelavelmente, de envolver este espaço público, razão
pela qual se impõe uma meticulosa análise dos constrangimentos e debilidades
existentes, ao nível das respectivas condições de acessibilidade e mobilidade,
do seu dinamismo residencial, da capacidade empresarial tradicional e
consequente competitividade, da presença contínua do automóvel que gera
descontinuidade espacial e poluição ambiental, e do desconforto na vivência e
fruição da praticamente inócua zona de lazer existente.
Recuando-se no tempo,
recorda-se que por volta de 1996, o então presidente da câmara abordou, numa
entrevista concedida à rádio local, a questão da necessidade de requalificação
do troço da (à data) EN 235 que atravessa a agora cidade de Oliveira do Bairro.
Nas declarações então
prestadas, Acílio Gala fez eco das dificuldades inerentes ao processo, porque
nessa altura a EN 235 era uma via nacional e a tutela administrativa apenas
admitia analisar a questão num cenário intermunicipal, envolvendo os municípios
de Anadia e Oliveira do Bairro, através da construção de uma variante exterior
às vilas de Oliveira do Bairro (agora cidade) e de Sangalhos, em consequência
do qual a administração dos troços da EN 235 que as atravessavam, seriam
entregues aos ditos municípios.
Por parte do município
de Anadia, que considerava que se tratava de uma solução que apenas se
destinava a resolver a questão das acessibilidades do município de Oliveira do
Bairro, o projecto mereceu séria relutância, razão pela qual o processo de requalificação da EN 235 dentro da cidade de
Oliveira do Bairro acabou por se arrastar até ao último mandato de Acílio Gala.
Entretanto, crente que
mais dia menos dia a questão se resolveria, Acílio Gala começou a introduzir,
ainda que de forma incipiente, pequenas alterações no troço da (à data) EN 235
que atravessa a então vila de Oliveira do Bairro, com vista à sua futura
requalificação.
Concretamente,
procedeu à aquisição para o município do edifício da Antiga Casa de Câmara e
Cadeia e posterior reconhecimento do interesse municipal do edifício, e ao
estabelecimento de negociações com os proprietários de prédios confinantes com
aquele: o objectivo era manter o dito edifício, tendo inclusivamente sido
elaborado um projecto que viabilizava a circulação em seu redor.
Perante esta
realidade, em 2005 a requalificação da extinta EN 235 era uma questão de tal
modo candente, que todas as candidaturas às eleições autárquicas a elegeram
como uma das suas preocupações.
Da parte do CDS-PP,
então no poder, as propostas foram as de ‘requalificar
a EN 235 e dignificar as entradas da cidade’, e bem assim ‘retomar o estudo de acessibilidades do
concelho, nomeadamente o eixo estruturante nascente / poente, ligação da
rotunda junto ao quartel dos bombeiros, passando pela Bunheira atè à Zona
Industrial de Vila Verde’
Por sua vez, no ponto
15 do seu programa, o PPD-PSD preconizou: ‘As
acessibilidades ao concelho e às freguesias são deficientes e não são adequadas
às exigências actuais, quer do trânsito de ligeiros, quer do trânsito de
pesados. Vamos requalificar a EN 235, criar uma Nova Alameda na Cidade e
resolver o problema do estrangulamento da ponte superior à linha do
caminho-de-ferro em Oliveira do Bairro. (…)’.
Acontece que, em
consequência do resultado eleitoral, o órgão executivo foi totalmente composto
por elementos destas duas candidaturas. E no exercício do poder maioritário
resultante do sufrágio eleitoral, coube à maioria liderada pelo presidente
Mário João Oliveira avançar para aquela que, até hoje, é a obra que mais
investimento envolve no espaço territorial do concelho: a requalificação do
troço da antiga EN 235, alcançada através da conversão desta via, agora
municipal, numa nova avenida da cidade.
Importa recordar que
em relação a acessibilidades, a proposta contida no programa eleitoral
maioritariamente sufragado pelos munícipes oliveirenses, contemplava, entre
outras, 3 medidas:
a)
requalificar a EN
235;
b)
criar uma Nova
Alameda na Cidade;
c)
resolver o
problema do estrangulamento da ponte superior à linha do caminho-de-ferro em
Oliveira do Bairro.
Publicamente, o então
candidato Mário João Oliveira expunha o seu pensamento sobre as acessibilidades
do concelho (JB de 7 de Julho de 2005, pág. 7) defendendo a modernização da rede viária através da construção de
alternativas para que o tráfego entre as freguesias ou em direcção a concelhos
vizinhos não continuasse a passar pelo centro das localidades com os inconvenientes
facilmente identificados.
E quanto a obras
emblemáticas que entendia que deveriam ser começas a trabalhar desde o primeiro
dia, (JB de 29 de Setembro de 2005, pág. 7) o então candidato Mário João Oliveira incluía a requalificação da EN 235.
Aos munícipes e eleitores,
a interpretação a dar a estas declarações não podia ser outra, e apontava,
aparentemente, pela execução de 2 obras distintas, ainda que interligadas entre
si, senão mesmo interdependentes: a requalificação da EN 235 tratava-se de uma
obra, e a criação de uma Nova Alameda na Cidade era outra obra.
Volvidos sete anos, e mais
de trinta meses depois do seu início, importa saber que intervenção urbana foi
implementada, é hora de fazer um balanço final, para saber se esta se mostra tão interactiva com a cidade quanto desejável,
e bem assim se a mesma se perspectiva como uma ambicionada resposta à real
necessidade e vontade da população.
(1/7 - continua)
(1/7 - continua)