Um amigo telefonou-me: "Já viste a Merkel? Nua!"
Deduzi que fosse foto, e era,
há dias que andava por aí, pela Internet. Ora não costumo gostar de fotos nuas.
Nada de pessoal, mas nunca me deu, nem adolescente, para me interessar pela
platitude com que o papel, mesmo da Playboy, trata as curvas das mulheres.
Qualquer saída à rua dava para o meu olhar caçar andares mais sensuais. Mas o alerta do meu amigo espevitou-me: nada que seja de Angela Merkel me é estranho. E, então, ela nua!... Explico, duas palavrinhas: Nelson Rodrigues. É do brasileiro a peça de teatro Toda a Nudez Será Castigada (1965).
Qualquer saída à rua dava para o meu olhar caçar andares mais sensuais. Mas o alerta do meu amigo espevitou-me: nada que seja de Angela Merkel me é estranho. E, então, ela nua!... Explico, duas palavrinhas: Nelson Rodrigues. É do brasileiro a peça de teatro Toda a Nudez Será Castigada (1965).
O enredo: um
viúvo, numa sociedade conservadora, casa-se com uma prostituta e o filho, que é
homossexual, dorme com a madrasta. Qual é a palavra que não entenderam deste
enredo?
E-s-c-â-n-d-a-l-o! Isso é que me interessou, isso e o título prometedor.
Fiquei excitadíssimo com a notícia da nudez de Merkel.
Ela aparece nua, causa
escândalo e é castigada! E tudo antes mesmo do parecer do Tribunal
Constitucional, que, aliás, deixa de ser preciso. Os alemães, depois de castigar
a escandalosa, pedem desculpa, envergonhados. E nós já nem do PEC 4 precisamos,
podemos voltar ao 3, quiçá ao 2...
Isso pensava eu, enquanto corria para a
Internet. E, então, vi-a (se é que não é fotomontagem). A Merkel nua, vinte
aninhos, em campo de nudismo.
Desilusão a minha: é corpo que não é meu, é olhar
que não devo, não há escândalo nem castigo...
Ferreira Fernandes, aqui