1-Alguém com quem trabalhei dizia que quando uma reunião era muito longa, das
duas uma: ou ninguém se entendia ou ninguém sabia o que fazer.
Esse empresário e
gestor também gostava de lembrar que um chefe que num quarto de hora não
percebia que não se ia decidir nada ou que antes da reunião não sabia já o seu
desenlace não servia para liderar coisa nenhuma.
Em poucas dimensões, a comparação entre gerir empresas privadas e o Estado
faz sentido, e mal andam políticos e gestores quando confundem as duas
realidades na maioria dos métodos e sobretudo nos objectivos, mas foi impossível
não recordar as palavras desse meu antigo chefe enquanto via a conferência de
imprensa do Governo na passada quinta-feira.
O actual Governo já nos habituou a cenas não muito ortodoxas, digamos assim, mas depois duma reunião de onze horas convocar os jornalistas para, no fundo, dizer que não havia nada a dizer é, no mínimo, patético. Não nos disseram onde vão ser feitos os cortes, nem em que rubricas, nem como vão ser taxados os subsídios de desemprego e doença e também ninguém percebeu bem o novo possível imposto às PPP. Não fosse o ministro Marques Guedes ter lido as directivas comunitárias e a capacidade do ministro Maduro para repetir a palavra consenso e nada tinha saído daquela risível conferência.
O actual Governo já nos habituou a cenas não muito ortodoxas, digamos assim, mas depois duma reunião de onze horas convocar os jornalistas para, no fundo, dizer que não havia nada a dizer é, no mínimo, patético. Não nos disseram onde vão ser feitos os cortes, nem em que rubricas, nem como vão ser taxados os subsídios de desemprego e doença e também ninguém percebeu bem o novo possível imposto às PPP. Não fosse o ministro Marques Guedes ter lido as directivas comunitárias e a capacidade do ministro Maduro para repetir a palavra consenso e nada tinha saído daquela risível conferência.
Como se presume que os ministros não estiveram a falar de futebol, uma de
duas coisas pode ter acontecido: ou não se entenderam e o primeiro-ministro não
foi capaz de lhes impor uma determinada linha, ou ninguém no Governo faz a mais
pequena ideia do que fazer. Tendo sido o próprio Passos Coelho a anunciar que
depois desse Conselho de Ministros iam ser anunciadas as medidas concretas e que
com esse anúncio ia até ser suspenso o despacho que dava todo o poder nos gastos
dos ministérios a Gaspar (entretanto o dito despacho continua a vigorar), tudo
levava a crer que já estava tudo pensado. Mas, como é habitual neste Governo,
nada estava feito, nada estava estudado.
Não, o Governo não sabe o que fazer. O que não surpreende. Andam há meses
para explicar como vão fazer o corte de 4000 milhões, que fará agora quando têm
de acrescentar mais 1300. No final será como de costume: uma coisa feita em cima
do joelho sem reflexão ou critério com um valor no fundo da coluna para agradar
a burocrata troikiano.
Bom, pode ser que a um qualquer ministro reste um pingo de bom senso e tenha
explicado o óbvio: o corte de 5500 milhões pode ser feito claro está, mas com
ele vai o País. Vai a nossa coesão social, as desigualdades atingiriam níveis
inimagináveis, o desemprego dispararia , a nossa saúde pública não teria o
mínimo de qualidade e a nossa educação pública seria apenas uma caricatura. Mas
não, mesmo que isso tivesse acontecido, lá estaria o primeiro-ministro para
destratar tal herege.
O facto é que o Governo com o fim da quimera dos 4,5% e com a constatação do
criminoso falhanço da receita troikiana não sabe, pura e simplesmente, o que
fazer.
Tentou ir buscar o passado para se desculpar, mas desculpas não servem
para governar um país.
Agora o Governo tem um novo discurso: o consenso. Aliás, o ministro Maduro,
na conferência de imprensa, repetiu e voltou a repetir a palavra. Esqueceu-se
foi de explicar de que consenso estava a falar. Consenso sobre o quê? Em relação
a que políticas? O responsável pela comunicação do Governo passou a mensagem, o
coordenador político é que se esqueceu de lhe dar conteúdo.
De que consenso se fala quando grande parte do PSD, do PS, de todos os
parceiros sociais sem excepção, da esquerda à direita, dizem que o caminho que o
Governo e a troika querem continuar a prosseguir não é o defendido por eles?
O consenso na boca do Governo não passa duma palavra vazia de significado.
Pior, o consenso que o Governo quer é em redor de políticas e medidas que já se
provaram erradas e que estão a destruir o País. Consensos para o suicídio, não
obrigado.
2-O CDS está a ser alvo de bullying político. A falta de respeito é tanta que
o primeiro-ministro até no Parlamento trata mal o líder parlamentar do CDS.
Pode João Almeida falar, Diogo Feio gritar, Pires de Lima pedir remodelações,
Portas faltar a tomadas de posse, que para o primeiro-ministro é música. Não
ouve o CDS nem lhe dá a confiança de lhe dizer o que quer que seja.
Passos Coelho sabe que Portas sabe que está amarrado ao Governo e está a
fazê-lo pagar o episódio da TSU, desconsiderações passadas e outras mais
recentes. Portas teve a oportunidade de sair do Governo (e ele sabia, e sabe,
que o caminho estava errado) e conservar capital político, agora é tarde. Vai
ser humilhado até ao fim por Passos Coelho e depois vai sofrer uma hecatombe
eleitoral. Há horas infelizes.
Pedro Marques Lopes, aqui