segunda-feira, 8 de abril de 2013

COCKTAIL EXPLOSIVO


Estamos a viver ainda o sabor das amêndoas de Páscoa, tempo que serviu para esquecer um pouquinho a crise, não a via-sacra dos portugueses, crucificados pela austeridade, desemprego, pobreza em milhares de famílias, quando não pelo medo do dia seguinte

Quando a esperança tem de ser o grande pilar para que a casa não caia de vez, para que haja ressurreição, um país novo, mais igual, remendado, mas emendado dos exageros idiotas.


Esta semana vai ser um tempo politicamente vivido de coração em ânsia: os mais radicais fazendo votos para que o Tribunal Constitucional (TC) chumbe o maior número de medidas que levaram o fisco a entrar nos bolsos dos portugueses, como o corte nas pensões dos reformados e outras; o governo esperando que isso não aconteça, porque fica mais fragilizado e os contribuintes não escaparão de outros castigos. 

Ficará baloiçando entre a espada e a parede, com pouco espaço de manobra e salvação. É que para o nosso calvário, com este governo ou outro, enquanto não for refundado, a sério, o Estado, que também passa pela supressão de mordomias, (alojamento, transportes, ajudas de custo, facturas de água e electricidade), meninos de mama colocados em assessorias dos ministros e secretários de Estado, demasiados, ou colocados em funções que não se sabe para que servem, demasiados deputados e vereadores a mais - não haverá redenção à vista por muito visionarismo primário que nos queiram impingir.

Mas a semana também vai ficar marcada pela moção de censura ao governo pelo PS, que terá o apoio de toda a Esquerda. Tudo junto é um cocktail explosivo e vai cavar ainda mais a crise política, ainda que é suposto o governo não cair. O  anúncio do TC pode estar tocado pela política na demora  tardia (90 dias) e pelo facto de vir a lume depois da moção de censura.

O TC “está no epicentro do combate político”, diz Marques Mendes, que revela que tanto do lado da maioria como do PS há gente interessada em eleições antecipadas. Isso mostra uma enorme irresponsabilidade e virá agravar a situação do país em toda a linha. Com custos elevadíssimos, interna e externamente.

Os alemães, em muita coisa, estão contra nós, porque somos pobres, mas vivemos como se fôssemos ricos.    

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 4 de Abril de 2013