terça-feira, 8 de janeiro de 2013

ERA UMA VEZ...

BONS AMIGOS
O coelho e o macaco eram amigos, mas estavam sempre a atazanar-se um ao outro. Sei de outros casos parecidos... 

O macaco via o coelho ao longe e começava logo, de pirraça: 
- Coelho dentudo, peludo e orelhudo, focinho focinhudo, corpo barrigudo, pernas de canudo, rabo de veludo! 


O coelho respondia-lhe, no mesmo tom: 
- Olha o macaco macacão, olhos de sabão, miolos de algodão, cara de espantalho paspalhão. 

Continuavam assim, que tempos, até chegarem ao pé um do outro. Depois, riam e davam grandes abraços. 

A pregar partidas, o macaco era o mais atrevido. 

De uma vez que o coelho estava a dormir, muito descansado, o macaco, pendurado de uma árvore, puxou-lhe as orelhas com toda a força. 

O coelho acordou dorido e num grande sobressalto. 
- Ai desculpa - disse o macaco, a fugir. - Andava a caçar borboletas e julguei que as tuas orelhas eram uma borboleta gigante. 

De outra vez, estava o coelho a roer um cogumelo e o macaco gritou-lhe, fingindo um grande susto: 
- Cuidado, não comas mais que estás a ficar com as orelhas azuis! Esse cogumelo há-de ser venenoso. 

O coelho ficou apavorado. Foi a correr ao rio. Mirou-se e remirou-se. Quando percebeu que era tudo mentira, desatou a perseguir o macaco, mas onde é que já ia! 
- Não esperas pela pancada! - ameaçou-o, de longe. 

Não esperou mesmo. Numa ocasião em que o macaco estava a dormir num galho, com a comprida cauda dependurada, o coelho muniu-se de um cacete e zás! Deu-lhe uma pancada, com toda a força, na cauda desenrolada. A força do coelho não seria muita, mas o macaco, que gostava de exibir-se em grandes cenas teatrais, deu urros e saltos, como se lhe tivessem arrancado o rabo. 
- Porque me fizeste isto, traidor? - gritava o macaco. 
- Ai, desculpa - disse o coelho, muito inocente. - Julguei que era uma cobra. 

Apesar destas peripécias e facécias, o macaco e o coelho continuam a ser bons amigos.


António Torrado e Cristina Malaquias, aqui