“Há algumas pessoas que se queixam de lhes estarmos a pedir um esforço muito grande, mas as pensões que têm não correspondem ao valor dos descontos que fizeram.”
Não se pede a Passos Coelho que nos informe dos nomes de todas as pessoas que estão a receber pensões sem que tenham feito os descontos devidos. Longe disso. Bastava que nos dissesse qual o enquadramento legal que está a permitir que isso aconteça.
Não é por mera curiosidade, é que caso isso se esteja mesmo a passar temos o direito de saber quem são os responsáveis por essa situação, quais as instituições que permitiram e os valores em causa. Até pode ser que exista uma excelente razão para que isso aconteça mas convinha ser muito bem explicada.
Não é por mera curiosidade, é que caso isso se esteja mesmo a passar temos o direito de saber quem são os responsáveis por essa situação, quais as instituições que permitiram e os valores em causa. Até pode ser que exista uma excelente razão para que isso aconteça mas convinha ser muito bem explicada.
De toda a forma, mesmo havendo enquadramento legal (as leis podem ser injustas e neste caso serão), o primeiro-ministro disse que há para aí uma malandragem que recebe sem que tenha feito os descontos correspondentes. Ou seja, no fundo, está a roubar o Estado.
Fernando Ulrich disse que o primeiro-ministro mentiu. Não disse que Passos Coelho tinha confundido pensões do Estado e pensões de fundos privados, não disse que o primeiro-ministro era ignorante acerca do modo de funcionamento das pensões. Nada disso, disse que as declarações do líder do Governo eram insultuosas (à inteligência das pessoas, presume-se) e mentirosas.
Os esclarecimentos do primeiro-ministro são urgentes. É que se ficarmos sem explicação teremos que optar por três hipóteses: há mesmo gente a receber dinheiro do Estado indevidamente e é preciso saber porquê e quem é o responsável. Fernando Ulrich tem razão e o que o primeiro-ministro disse é mentira. Passos Coelho não sabia do que estava a falar.
Qualquer das hipóteses é, digamos, perturbante. Mas muito grave seria o primeiro-ministro ter mentido deliberadamente para atingir adversários políticos aproveitando o facto das pessoas estarem a passar dificuldades apontando-lhes uns malandros supostamente ricos. Uma intriga é grave, uma intriga populista ainda é pior.
O primeiro-ministro vai esclarecer, com certeza.
Pedro Marques Lopes, aqui