Referimo-nos ao
mercado de arrendamento social, que o Ministério de Mota Soares ousou
empreender.
De uma cajadada, matou vários coelhos: alivia, por um lado, os
problemas dos bancos que estão a braços com um património imobiliário de
milhares de fogos devolutos, resultado de uma suicida política de empréstimos,
que tudo facilitava e, por outro, o acordo feito entre o Ministério da
Segurança Social e os bancos que permitirá o arrendamento dessas casas a preços
inferiores (30%) aos do mercado, destinadas a famílias sem condições
financeiras.
Assim sendo, os Bancos vão
recuperar parte dos empréstimos, ainda que a conta gotas e a operação não
concorre para o aumento do défice que subiu para 7,9 no 1º trimestre, o que deita
por terra a execução orçamental e contraria todo o optimismo do governo que vai
dizendo que ainda está no seu horizonte a meta dos 4,5 para este ano. Só por
milagre, que não vem explicar claramente e o que se passou depois de tantos
sacrifícios.
Ora aí estão mais aumentos do
gás e electricidade que vão agravar os custos das empresas e o seu difícil
equilíbrio financeiro, bem como o das famílias. Assim é fácil gerir empresas. O
freguês paga tudo, até os ordenados chorudos e indecorosos dos administradores.
E a propósito e mais uma vez: quando tem o governo coragem para cortar as
gorduras do Estado que se derramam em imensas empresas público-privadas,
fundações, institutos, observatórios para isto e aquilo e para nada? Quando tem
coragem para fazer a requisição civil dos pilotos, que, ganhando bem, com as
greves mais afundam a economia e arruínam a TAP? Se têm razões, isso não se
justifica com o país no fundo.
Mas não são só greves, são
também os autarcas em manifestações, revoltados com a Ministra da Justiça que
quer cortar nos tribunais e não os recebeu. Restou-lhes a ameaça de as Câmaras
romperem com os contratos de delegações de competências na Educação. Isto está
a ficar mesmo feio.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 5 de Julho de 2012