quinta-feira, 5 de julho de 2012

ORA AÍ ESTÁ

Ora aí está uma boa medida do Governo (barata e exequível, socialmente benéfica e inovadora).

Referimo-nos ao mercado de arrendamento social, que o Ministério de Mota Soares ousou empreender.

De uma cajadada, matou vários coelhos: alivia, por um lado, os problemas dos bancos que estão a braços com um património imobiliário de milhares de fogos devolutos, resultado de uma suicida política de empréstimos, que tudo facilitava e, por outro, o acordo feito entre o Ministério da Segurança Social e os bancos que permitirá o arrendamento dessas casas a preços inferiores (30%) aos do mercado, destinadas a famílias sem condições financeiras.

Ou até para as pessoas que viram as suas casas penhorados pela Banca, na sequência da política de austeridade que desabou sobretudo sobre as classes mais desfavorecidas e classe média.

Assim sendo, os Bancos vão recuperar parte dos empréstimos, ainda que a conta gotas e a operação não concorre para o aumento do défice que subiu para 7,9 no 1º trimestre, o que deita por terra a execução orçamental e contraria todo o optimismo do governo que vai dizendo que ainda está no seu horizonte a meta dos 4,5 para este ano. Só por milagre, que não vem explicar claramente e o que se passou depois de tantos sacrifícios.
Ora aí estão mais aumentos do gás e electricidade que vão agravar os custos das empresas e o seu difícil equilíbrio financeiro, bem como o das famílias. Assim é fácil gerir empresas. O freguês paga tudo, até os ordenados chorudos e indecorosos dos administradores.

E a propósito e mais uma vez: quando tem o governo coragem para cortar as gorduras do Estado que se derramam em imensas empresas público-privadas, fundações, institutos, observatórios para isto e aquilo e para nada? Quando tem coragem para fazer a requisição civil dos pilotos, que, ganhando bem, com as greves mais afundam a economia e arruínam a TAP? Se têm razões, isso não se justifica com o país no fundo.
Mas não são só greves, são também os autarcas em manifestações, revoltados com a Ministra da Justiça que quer cortar nos tribunais e não os recebeu. Restou-lhes a ameaça de as Câmaras romperem com os contratos de delegações de competências na Educação. Isto está a ficar mesmo feio.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 5 de Julho de 2012