'Canta-me como Foi', que na abertura apresentou um conjunto de ‘cenas maradas’ com a especial participação da auto-escada dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Bairro, foi dedicado aos grandes êxitos do Festival RTP da Canção, fazendo uma retrospectiva de mais de 40 anos de grandes êxitos que passaram pelo maior palco da música portuguesa até há poucos anos.
De Simone de Oliveira a Paulo de Carvalho,
passando pelas Doce e Carlos Paião, entre outros, durante cerca de oitenta minutos ininterruptos o público recordou (ou conheceu, no caso dos mais novos), alguma da
melhor música ligeira portuguesa.
O espectáculo resultou de uma residência criativa
intensiva que incluiu, durante cinco dias (exceptuando toda a parte de concepção
criativa e projecto de execução anteriores), ensaios durantes manhãs, tardes e
noites para juntar diversas valências e secções musicais, coreográficas e
sonoplásticas que conjugadas demonstraram o enorme potencial de organização,
coordenação, experiência e motivação das várias dezenas de pessoas envolvidas.
Um
espectáculo para o qual foi necessária muita transpiração, é certo, mas
essencialmente muita imaginação e muita inspiração.
Nos agradecimentos efectuados pelos responsáveis pela apresentação, referências
para o convite efectuado pela Câmara Municipal de Oliveira do Bairro e para a cooperação do
Agrupamento de Escolas de Oliveira do Bairro (cedência de espaços na EB1 do
Troviscal), Centro Ambiente para Todos (serviço de refeições), Bombeiros
Voluntários de Oliveira do Bairro (auto-escada para execução da cena de
abertura) e Grupo Coral de Oiã (cedência de estrados para a actuação do coro).
Agradecimentos especiais para a disponibilidade
e colaboração dos pais e encarregados de educação que permitiram a participação
dos seus filhos e educandos neste projecto, ainda que suportando a expensas
próprias o custo diário de 4,00€ por cada refeição servida.
Este projecto foi o
culminar de mais um ano lectivo e permitiu aos alunos conhecerem os bastidores
de um grande espectáculo e tomarem contacto com as exigências, os pormenores e o
trabalho necessário para a sua realização, beneficiando com o espírito de
equipa e as sinergias criadas que, apesar do árduo trabalho, culminaram numa
produção de alto nível que potenciou a motivação de todos os participantes
que, apesar da enorme quantidade de pessoas e constante movimentação em palco conseguiram,
durante todo o espectáculo, cativar e prender a atenção do
público e transmitir-lhe a sua contagiante jovialidade.
Lamentavelmente,
este espectáculo teve uma divulgação praticamente irrelevante, e sem o mérito
de qualquer destaque; basta, aliás, olhar para a publicidade institucional do
evento onde esteve inserido, e comparar o relevo dado a este a a todos os demais espectáculos feitos
pessoas do concelho ‘de borla e a seco’ (que o digam os
dirigentes das filarmónicas, dos ranchos folclóricos, ou dos grupos de cantares),
e à importância que, em letra grossa, é dada às actuações dos que justificam os
cachets que recebem (e nada compatíveis com o tempo de crise por que todos
passamos!), não pela superior qualidade das suas presenças, mas à custa do estatuto
de vedetismo criado pela máquina do marketing comercial.
Não será certamente por isso, que a experência dos
alunos e professores da Escola de Artes da Bairrada deixará de ser repetida em
anos futuros: afinal, projectos como este, independentemente do sucesso público
que possam ou não ter, constroem sempre uma sensação de identidade nos alunos, para
além de contribuírem para a motivação global do corpo discente mais do que
qualquer outro projecto.
Depois de nos terem cantado como foi, seria bom que todos
percebessem que, às vezes, é com música que as coisas podem mudar.
Parabéns a todos os professores e alunos da Escola de Artes da Bairrada por terem proporcionado ao concelho e aos munícipes momentos de tão requintada qualidade!
