segunda-feira, 2 de julho de 2012

BOA NOTÍCIA MESMO

Nós por cá estamos sempre no pelotão da frente das piores notícias.

Somos o país da Europa com o mais baixo poder de compra. Até Lisboa que era uma das mais caras cidades da Europa, baixou uns bons furos, fruto de recessão, que não estanca. A insegurança e a matança enchem jornais. Anda gente de cabeça perdida, casais de namorados e casais que não se podem ver.

Quanto à insegurança (assaltos e roubos e atrocidades) é bem visível e bem sofrida. Já nem na aldeia se pode deixar a porta da rua na aldraba. Como antigamente, quando havia justiça e cadeias e GNR com autoridade. Agora, é o que se vê: há uma sensação de que o crime compensa: a GNR, mal armada e receosa por vezes, encolhe-se, a justiça zela mais pelos direitos dos criminosos do que pelos direitos dos cidadãos - se assim não é, parece - as cadeias são hotéis de cinco estrelas, onde, porém, não vão parar os corruptos, os ladrões de alto nível, os políticos que, cometendo crimes graves, são sempre absolvidos, como está à vista, com processos que se arrastam anos e acabam fatalmente por prescrever, passando uma esponja pela sujidade bem entranhada.
De Victor Gaspar são raras as boas notícias. Uma que chegou há dias não é confortável. As receitas fiscais tiveram quebra estrondosa. Como era de prever. Que esperava, milagres? Economia adormecida, empresas a fecharem, às dezenas, todos os dias, é a consequência nefasta da política do garrote. O governo ao subir o IVA, ao congelar os ordenados dos funcionários públicos, concorreu para um menor consumo.

Logo para o fecho de empresas e consequente baixa de contribuições, a dois níveis, empresários e trabalhadores. Programou receber um bolo perfeito, bem saboroso, saíram-lhe uns restos e favas. O que irá agravar-se, agora que os funcionários públicos e os pensionistas ficaram sem o subsídio de férias. Já há na Net oferta de trabalho em troca de comida, enquanto desempregados sem subsídio têm de pagar a taxa moderadora de saúde. Imoral.
Com o afundamento das receitas, situação que infelizmente vai permanecer, para mal dos nossos bolsos e do país, estarão à vista mais impostos ou taxas? Boa notícia mesmo só no futebol: Portugal ter passado às meias-finais.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 28 de Junho de 2012