
"Estou viva, eu e as minhas irmãs, graças ao agente
Figueiredo. Porque eu disse que me ia matar". Maria La Salete, 68 anos, estava
no limite do desespero quando se cruzou com a PSP.
Hoje, é um dos rostos do
"Apoio 65 - Idosos em Segurança", um programa da PSP, que em Aveiro foi
implementado em 2008i Figueiredo, 37 anos, é o polícia que se tornou familiar de cada um dos 62
idosos que acompanha. E luta, todos os dias, por um objetivo: combater a solidão
e a exclusão social na velhice.
Salete é considerada por Rui Figueiredo como "o retrato deste trabalho". Com
medo de um sobrinho, esquizofrénico, que a ameaçava, Salete ia dormir para a
esquadra policial, a meio da noite. Com ela, pela mão, levava sempre "as
meninas": Rosário, 40 anos, e Fátima, 60, deficientes mentais. "A Polícia foi a
única que me deu a mão. Hoje sinto-me amparada", conta, ao JN, feliz por ter
conseguido, com a ajuda da PSP, que o sobrinho iniciasse um tratamento
psiquiátrico.
Violência doméstica
Dos idosos que são acompanhados pelo programa, a maior fatia (22 - 19
mulheres e três homens) é ou já foi vítima de violência doméstica, desencadeada,
na maioria, por filhos. Os restantes 40 recebem o apoio da PSP devido a
situações de vulnerabilidade, de desavenças familiares ou de isolamento.
Rui Figueiredo é o único agente destacado para o programa. Sabe que tem mais
62 vidas que dependem, em grande parte, do seu apoio. "Assumimos uma
responsabilidade que, depois, já não é a instituição que está em causa, somos
nós", sublinha.
Alberto Amaral, 77 anos, é outro dos rostos do projeto. Devido a uma
desavença familiar com a filha, genro e netos, Alberto, ex-funcionário camarário
e empresário, há dois meses que vive sozinho, após 22 anos de vivência com quem
agora se desentendeu. "Quero levá-lo a um centro de dia para ele ver, seria o
ideal", conta o polícia.
Tal como com Alberto, o papel de Rui passa, diariamente, ao lado das
competências que a população atribui a um polícia. Todos os dias da semana
visita cinco idosos de seis freguesias de Aveiro. "Se fosse mais, não lhes podia
dar atenção e eles ficam chateados", graceja o agente. Chega, conversa com eles,
vê se está tudo bem e tenta dar-lhes mais qualidade de vida, ajudando-os no que
for preciso. Ao sair deixa a promessa de voltar. Os mais velhos já podem
descansar.
Retirada daqui