terça-feira, 8 de maio de 2012

SINTO MUITO. NÃO SEI

As pessoas julgam saber o porquê de sentirem o que sentem.

Creem também ser capazes de saber de forma simples e quase intuitiva as razões de pensarem o que pensam.

Estas pessoas, só muito raramente têm dúvidas, mas erram em 99% dos casos.



Com uma estranha vontade de explicarem o inexplicável, acabam por, não assumindo de forma honesta que não sabem, inventar prontamente um encadeamento de razões tão sequencial e credível quanto irreal. Evitam de forma absoluta a sinceridade de um “Não sei!”.


Como se o sentimento que alguém tem perdesse força só porque não se consegue justificá-lo racionalmente.
Aparece, por vezes, algo ainda mais estranho: as emoções funcionam como argumentos racionais. Como se se pudessem sentir ideias e se isso funcionasse como defesa de umas e causa de anulação de outras.
Os sentimentos são para sentir e os pensamentos para pensar. Confundir estes planos dá, garantidamente, origem aos equívocos – mais que habituais.

Se relativamente ao que pensamos, as razões por detrás das ideias nem sempre são fáceis de alcançar, envolvendo muitas vezes determinação e algum sacrifício, elas não são, contudo e por natureza, inacessíveis. A sociedade do hoje-aqui-agora não tem é capacidade de perceber que existem níveis de compreensão da realidade a que apenas alguns chegam.
Assim, e sobre o que pensamos, valerá sempre a pena explorá-lo, aprender a refletir processos e resultados. Há realmente coisas tremendamente simples e outras simplesmente complexas. Todas se podem pensar. Nenhuma por intuição direta.
Ao que sentimos profundamente, pouco nos resta senão segui-lo, porque longe de o podermos comandar somos forçados a obedecer-lhe. Sem razão.

José Luís Nunes Martins, aqui