Este ano, a Associação 25 de
Abril resolveu afastar-se das comemorações na AR, preferiu a rua, alegando que
“os eleitos não representam a sociedade portuguesa e a Assembleia da República
não representa os eleitores”, como se não fosse gente eleita; “o poder político
que actualmente governa Portugal configura outro ciclo político que está contra
o 25 de Abril”.
Ameaça de um novo golpe? Nada disso. Basófias, como as do incorrigível
Otelo. Os militares hoje não têm problemas de promoções ou de salários. Os
capitães de Abril só querem dizer que estão vivos e ainda mexem, apesar de um
pouco pesados.
Logo se associou a esta
posição, invocando a austeridade sem limites e dando o braço a José Seguro,
Mário Soares, o dito pai da Democracia, que não é único, - ela foi salva
sobretudo por Ramalho Eanes, e Jaime
Neves, dando o corpo ao manifesto, perante os desvios da matriz inicial.
Outro,
Manuel Alegre, que não é dono exclusivo de Abril. Confundindo uns e outros que
o governo é uma coisa e a Assembleia da República outra. Onde estão a
democracia e Abril? Nos seus interesses pessoais, partidários e ideológicos?
Uma coisa é certa. A partir daqui, nada mais vai ser igual e adivinham-se
rupturas da parte dos que mais nos levaram ao fundo do abismo, à perda da
inteira soberania, à Troika, à dívida imensa, à maior pobreza após o 25 de
Abril.
Bom senso e diálogo governo/PS precisam-se.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 3 de Maio de 2012