terça-feira, 24 de abril de 2012

O PROBLEMA DAS GALINHAS OU DA EUROPA?

Da diretiva 1999/74/CE do Conselho de 19 de julho de 1999:
“1. As galinhas poedeiras devem dispor de:
a) Pelo menos, 750 cm2 de superfície da gaiola por galinha…
b) Um ninho;
c) Uma cama que permita às galinhas debicar e esgravatar;
d) Poleiros adequados com um espaço de, pelo menos, 15 cm por galinha….
5. As gaiolas devem estar equipadas com dispositivos adequados para desgastar as garras.”


Estas são as preocupações dos burocratas em 2011 quando ameaçam os países incumpridores com processos, ou até o abate das aves nos aviários que não cumpram estas normas “hoteleiras” para galinhas. Mesmo considerando que “foram disponibilizados fundos para a modernização dos sistemas de criação de galinhas poedeiras, mas que apenas alguns Estados-Membros os utilizaram” parece-me complicado impor estas regras numa altura de profunda crise e onde os animais humanos europeus são tratados pelos sistemas de segurança social nacionais com menos parcimónia do que as galinhas.


Claro que percebo o enfado de “alguns Estados-Membros que modernizaram os seus sistemas de criação ainda antes de a diretiva entrar em vigor” depois de terem passado 12 anos para que todos os outros também se adaptassem. Mas onde esteve a fiscalização europeia ou nacional? Como sempre a dormir e confiantemente à espera que a capacidade de investimento dos alemães e suecos fosse igualzinha à dos espanhóis ou portugueses.

Mesmo que a lei europeia imponha esta regra é do mais elementar bom senso suspendê-la. Tem medos que as galinhas se revoltem? E os políticos têm medo dos burocratas?

Chegámos ao cúmulo da idiotice. É que a alternativa é deixar de produzir e importar ovos de países que nem sequer sabem o que são estas gaiolas.

Por mim exportava os burocratas para inspecionar gaiolas na Coreia do Norte.

António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 19 de Abril de 2012