terça-feira, 24 de abril de 2012

QUANDO GASTAR MAL É FESTA

O Parque Escolar (PE) esteve nas atenções do Parlamento, onde foram chamadas à conversa (e não mais que isso) as duas ministras da Educação, Lurdes Rodrigues e Isabel Alçada, que não deram mostras de alguma sensatez, fruto de reflexão.

Antes defenderam as asneiras do PE que tinha 950 milhões de euros para recuperar 300 escolas e gastou 3,400 milhões em apenas 190. Isto é, gastou à tripa forra, sucedendo derrapagens absurdas nos gastos em luxos.

 

Um desperdício, um abuso, um crime que ninguém paga. Tentaram explicar o inexplicável.

A primeira admitiu apenas que o PE saiu caro, mas foi necessário para a melhoria das estruturas, não houve derrapagens (pois não, só o triplo). E não se coibiu de dizer que o PE foi uma festa, que as escolas foram uma festa…


Afinal, os gastos foram mesmo uma grande paródia, uma orgia faraónica! Não custa a acreditar: realmente onde há regabofe, há festa e o PE foi um grande regabofe com o rico dinheirinho dos nossos impostos pagos e a pagar por alguns anos. Parece o cúmulo da desfaçatez, o descoco total. Caso tipicamente português. Ninguém assume culpas. Morrem todas solteironas.
Como se viu, uma defendeu a outra. Ao mais alto nível, todos se encobrem uns com os outros. Ninguém é, ninguém foi -  não houve excessos nenhuns e se houve “materiais ditos nobres como os do grande arquitecto Siza Vieira” – disse Isabel Alçada, é por que já havia mármores e os restauros tinham de ser adequados e “nada do que foi feito teve a pretensão de luxo”, contrariando assim as conclusões das auditorias da Inspecção-Geral de Finanças e do Tribunal de Contas. Ainda que a anterior direcção do PE tenha chamado à atenção para “o uso excessivo de estores eléctricos e de elevadores redundantes”.

Sem este tipo de material, a festa, ou melhor o bródio, não tinha tanta graça. A festa de Lurdes Rodrigues (só se foi para os gestores do PE, arquitectos e empresas construtoras do regime) deu em desgraça. Por sua vez, o PS, em defesa de suas damas que neste baile se portaram ao nível de Sócrates, acusou Nuno Crato de “um ataque feroz e irracional à escola pública”.

Não sabemos o que é que tem o cu a ver com as calças. Afinal, a recuperação das escolas irá continuar, segundo o membro do governo.

Mas dentro da contenção exigida.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 19 de Abril de 2012