quinta-feira, 26 de abril de 2012

A ERA DA ÁGUA 'BARATA' CHEGOU AO FIM

A Deloitte realizou um estudo que analisa o futuro do sector global da água para o resto do ano de 2012.

O relatório aponta a forma como as principais tendências globais – tais como o crescimento populacional, o crescente desenvolvimento económico e a urbanização, em conjunto com a alteração dos padrões climatéricos – sublinham a importância da associação de políticas públicas eficazes à actuação do sector privado na gestão deste recurso escasso e não renovável.


A procura crescente pelo recurso natural “água” torna central os temas da sua conservação e utilização eficiente, particularmente enquanto os governos, as entidades gestoras deste serviço público, e o sector privado são colocados sobre uma pressão crescente para se tornarem parceiros na gestão deste recurso partilhado e valioso. O relatório constata que uma estratégia de preços mais transparente terá um papel importante na forma como os utilizadores e clientes das diversas etapas da cadeia de valor deste recurso gerem o seu consumo.

De acordo com Miguel Eiras Antunes, Partner da Deloitte, “há um argumento muito forte no sentido do aumento do preço da água ou, alternativamente, para a criação de sistemas de preços que respondam aos desafios da escassez, permitindo que as entidades gestoras deste recurso natural invistam em infra estruturas que precisam de renovação, e estas próprias instituições tenham resultados financeiros sustentáveis.”

Para este responsável de Enterprise Water Strategy da Deloitte em Portugal, “o aumento do preço nos níveis de consumo de água são no entanto uma decisão política difícil, na medida em que o consumo doméstico de água é considerado um direito humano básico. Desta forma, torna-se muito importante um maior conhecimento dos temas relacionados com a água bem como a formação da população para compreender a necessidade de um sistema de preços mais eficaz para a gestão deste recurso natural.”
De acordo com o relatório, uma solução que potencialmente garante preços toleráveis a par de um retorno financeiro razoável para as entidades gestoras passa pela fixação de preços por escalões. De acordo com este estudo, os preços por intervalos já foram implementados com sucesso em países como Israel, Austrália, Coreia do Sul, em Hong Kong e nalguns locais dos Estados Unidos.
Para Miguel Eiras Antunes, “nalguns países, o verdadeiro valor da água como recurso natural pode não estar reflectido nas estratégias de preço o que conduzirá a uma utilização ineficiente deste recurso. Na maioria dos sectores de actividade a água é um recurso essencial. Assim, a sua utilização eficiente é crítica para assegurar a sustentabilidade da própria instituição, dotando as organizações da aceitação social para o seu negócio, e consequentemente, garante a gestão dos riscos de reputação, ou mesmo operacionais e regulatórios. O preço por escalão e o aumento dos preços terão provavelmente influência na melhoria da eficiência da gestão da água e aumento do factor de inovação na sua gestão, enquanto reconhecem o direito humano de acesso à água, através da adopção de princípios tácitos apropriados".

Retirada daqui