Já não há cão nem
gato ou qualquer outro bicho careta que prescinda das 20.00 horas para fazer uma conferência de imprensa ou
uma comunicação ao país, para aproveitar o directo dos telejornais.
Como tal, eu quero desde já informar que como nesta terrinha ninguém aparece a fazer uma coisa destas, nem para a audiência nacional através da televisão, nem para os munícipes oliveirenses através do órgão de comunicação social local, quero desde já preparar-me para avançar com essa iniciativa.
Como tal, eu quero desde já informar que como nesta terrinha ninguém aparece a fazer uma coisa destas, nem para a audiência nacional através da televisão, nem para os munícipes oliveirenses através do órgão de comunicação social local, quero desde já preparar-me para avançar com essa iniciativa.
Afinal, Oliveira do Bairro começa a
constar do mapa, já que é um dos raros municípios portugueses cujos autarcas
não têem de prestar contas à justiça, tal a exemplaridade do exercício dos seus
mandatos. Assim, e à falta de melhor assunto, vou convocar uma conferência de
imprensa para esta noite para anunciar ao país a minha posição sobre os
diversos problemas que encontro na gestão do condonímio* do meu prédio, e que em
rigoroso exclusivo para o ‘falemos sinceramente’, desde já antecipo o que vou
dizer logo à noite (pelas 20.00 horas, obviamente).
*
Caros
e Caras Portugueses, oliveirenses em geral, vizinhança e condónimos* em particular:
Como
sabem, o prédio onde moro está localizado naquela que, está garantido, até ao final deste ano de 2012, será uma verdadeira zona nobre por excelência: refiro-me como já todos perceberam, à (futura) Nova Alameda da cidade de
Oliveira do Bairro.
Assim sendo, é de toda a conveniência que a administração do condonímio* do prédio onde vivo tenha, pelo menos, uma décima parte do rigor e da transparência que têm sido praticados nas negociações das parcelas necessárias para a (futura) Nova Alameda da cidade, e que à data da inauguração da obra, portanto até final do ano em curso, estejam resolvidos os graves problemas que os que aí vivem enfrentam diariamente, e heroicamente sofrem na respectiva pele.
Entendi não pactuar mais com o meu silêncio e por isso faço esta declaração ao país e ao concelho. Não me move qualquer candidatura a administrador do condonímio*, apenas pretendo que os problemas se resolvam. E os problemas, a começar pelo rés-do-chão, são:
Assim sendo, é de toda a conveniência que a administração do condonímio* do prédio onde vivo tenha, pelo menos, uma décima parte do rigor e da transparência que têm sido praticados nas negociações das parcelas necessárias para a (futura) Nova Alameda da cidade, e que à data da inauguração da obra, portanto até final do ano em curso, estejam resolvidos os graves problemas que os que aí vivem enfrentam diariamente, e heroicamente sofrem na respectiva pele.
Entendi não pactuar mais com o meu silêncio e por isso faço esta declaração ao país e ao concelho. Não me move qualquer candidatura a administrador do condonímio*, apenas pretendo que os problemas se resolvam. E os problemas, a começar pelo rés-do-chão, são:
1
– O vizinho Jaime da loja do rés-do-chão esquerdo deixa os folhetos
publicitários que recebe na sua caixa de correio espalhados pelo chão. Sei que
é ele na medida em que já encontrei no meio dessa papelada, um envelope com o
seu nome, proveniente da Igreja Universal do Reino de Deus, informando que há
dois meses que não paga o dízimo. E se me perguntarem se eu abri o envelope,
claro que confirmo; afinal, quem é que nunca abriu um envelope que não lhe
pertence?
2
– A vizinha Maria Luísa do primeiro direito não tem cuidado com o seu canito e
permite que a primeira mijadela do boby seja, invariavelmente, na entrada do
prédio. O animal não tem culpa, chega muito apertadinho à hora da necessidade e
já não aguenta até à rua. A vizinha Maria Luísa tem de pensar em mudar os
horários do passeio canino ou então tem de limpar a chiqueirada que o
pulguento faz à porta do prédio.
3
– O filho do vizinho Eduardo do segundo direito mete o CD dos Da Weasel em
altos berros a qualquer hora da noite, mas muito em particular depois da hora
do jantar e não deixa a vizinhança assistir à 'Rosa Fogo' tranquilamente.
4
– O filho do vizinho Isaías, do segundo esquerdo tem a mania de deixar a
bicicleta de montanha na entrada do prédio em vez de a meter na garagem. Apesar
de já lhe ter esvaziado os pneus meia dúzia de vezes, não ponho de parte a
ideia de metê-la, um destes dias, no contentor do lixo.
5
– No meu andar, o terceiro, sou frequentemente incomodado com o jovem casal que
se mudou para o esquerdo há coisa de três meses, casados de fresco, portanto.
Aquilo é barulhos esquisitos toda a noite, o que não teria mal algum se não
houvesse gritos alto e bom som a dizer: - Ai amor, aí não que que dói muito. É
chato na medida em que se torna aborrecido e não permite que se assista à 'Doce Tentação' em paz e sossego.
6
– A vizinha Deolinda do quarto direito tem a mania de sacudir a toalha de mesa
para cima da minha roupa quando esta está na corda a secar. Já prometi a mim mesmo que
um dia quando ela estender os lençóis da cama vou assoar a ranhoca a um deles
ou então faço um acto de acrobacia em cima da guarda da varanda e substituo o
papel higiénico pelos seus lençóis.
7
– Ainda no quarto andar mas desta vez no lado esquerdo, tenho apenas a referir
que mora um vizinho que é lampião (vómitos) ou seja do SLB. Não é
preciso dizer mais nada, pois a sua presença no prédio é já um problema
suficientemente grande. Basta que venda o apartamento e que vá morar para lá de Sangalhos,
e fica tudo resolvido.
8
– No elevador está colocado um autocolante com a fotografia do presidente da câmara que lá
permanece desde as últimas eleições. Presumo que tenha sido o filho da vizinha Deolinda,
a tal que sacode a toalha de mesa para cima da minha roupa, na medida em que o
filho é daqueles putos que pertencem à jota e aparecem nas campanhas atrás dos
candidatos ao saltos com um ar transloucado, que tanto gritam pelo Passos
como pela Manelinha. O autocolante é para tirar, ainda mais agora.
9
– Quero aproveitar esta oportunidade para lavrar um protesto contra a decisão
da administração do condonímio* de ter permitido que a empresa que faz a limpeza
da escada do prédio tenha substituído a ucraniana que costumava aparecer, que
era uma boazona, por uma brasileira desdentada com as mamas descaídas e um ar
mal cheiroso. É que a Oxana era boa como o milho e já estava a engraçar com o
condómino do terceiro direito, eu próprio por sinal.
10
– Por último, o prédio que, volto a repetir porque não é demais, está
localizado em local onde se situará a (futura) Nova Alameda da cidade de
Oliveira do Bairro que, insisto, está garantido, ainda este ano será uma verdadeira zona nobre por excelência, precisa de ser pintado,
pelo menos na parte da frente, até à data da inauguração da (futura) Nova
Alameda da cidade, portanto até Dezembro deste ano. Qualquer
dia parece um daqueles prédios de habitação social de Lisboa ou do Porto que
não sabem o que é tinta fresca vai para mais ou menos, dezassete anos e meio.
E a partir de agora estou ao dispor para os esclarecimentos que forem entendidos convenientes.
Obrigado.
Alma de Deus
*Esta é uma dúvida que sempre tive: diz-se 'condómino' ou 'condónimo'?; mas depois de ter ouvido um amigo meu, que se faz passar por uma pessoa muito importante, utilizar repetidamente a palavra 'condónimo', convictamente e em público e perante uma multidão de gente, percebi que estava errado, e que afinal, não deve dizer-se 'condómino', mas sim 'condónimo'
Alma de Deus
*Esta é uma dúvida que sempre tive: diz-se 'condómino' ou 'condónimo'?; mas depois de ter ouvido um amigo meu, que se faz passar por uma pessoa muito importante, utilizar repetidamente a palavra 'condónimo', convictamente e em público e perante uma multidão de gente, percebi que estava errado, e que afinal, não deve dizer-se 'condómino', mas sim 'condónimo'