
Hoje temos à rasca uma geração de pais que mimaram
caprichosamente os seus filhos, que os protegeram e afastaram sempre das
arduidades escondendo-lhes as amarguras da vida.
Mas também temos à rasca a
geração de filhos que não foram preparados para vencer as dificuldades.
A ironia destes factos é que estes jovens também são os que mais tiveram tudo. Nunca na história nenhuma geração foi tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência.
A ironia destes factos é que estes jovens também são os que mais tiveram tudo. Nunca na história nenhuma geração foi tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência.
Esta geração de pais investiu nos seus filhos, proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre.
Mas também lhes deu uma vida desafogada, com saídas com os amigos, a carta de condução, o primeiro carro, dinheiro no bolso para que nunca lhes faltasse nada. E quando surgiu a frustração do desemprego, a família dizia presente, para garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada, tornando esta geração de jovens a que mais tarde sai da casa dos pais.
Depois, os tempos das ‘Vacas Gordas’ terminaram, e deram lugar à crise ao aumento do custo de vida e ao desemprego. É então que os pais ficam à rasca. Que contam cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e que abdicam de tudo para continuar alimentar as luxúrias desta nova geração.
“Que já não aguentam, que começam a ter
de dizer ‘não’. É um ‘não’ que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso
eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm
necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são
muito bons e eles querem, e querem, querem continuar a alimentar o que ninguém
lhes pode dar.“ (Mia Couto).
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante as últimas duas décadas.
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante as últimas duas décadas.
Eis agora o estado de uma geração jovem altamente qualificada, que colecciona diplomas e formação, mas que sabe muito pouco ou nada da vida. Não está preparada para ultrapassar barreiras, mas sim para as contornar, em que o seu conhecimento é duvidoso se traduzido em trabalho.
Eis a geração que se apercebe que não pode fazer no mundo aquilo que sempre fez em casa ou na escola. Que a birra ou facilitismo não prepara homens e mulheres para vencer as dificuldades. Mas com isto não quer dizer que esta geração seja toda ela assim, existem bons exemplos, mas na generalidade dela está completamente desorientada.
Hoje deparamo-nos com uma realidade em que nem os pais nem os jovens são culpados, porque foram sorvidos por uma sociedade consumista e sem valores em que se tornou o mundo em que vivemos.
“E o problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas” (poeta Alemão).
Francisco Mota, aqui