segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

GREGOS

Não conseguimos passar um dia sem meditar sobre a tragédia que se abate quotidianamente na Grécia.

As manifestações, a violência, as greves que vemos na tv impressionam qualquer um, mas especialmente amedrontam os portugueses a quem encomendam a mesma situação.

Estou certo que não é possível viver acima das nossas possibilidades. É um ensinamento antigo de qualquer cultura. Sabemos que nem a uma família como a um estado nação é possível viver do que não produzimos e só de empréstimos.

Claro que a culpa última é dos estados que se deixaram arrastar para esta situação. Claro que a carne foi fraca, houve muita ganância dos governantes e muitas negociatas que todos vimos acontecer. A crise de hoje que fere violentamente a Grécia e nos ameaça, teve avisos.

Lembram-se dos tempos de Cavaco em que havia subsídios a rodos, em que se deu cabo do nosso tecido industrial, da agricultura, da pesca, mas em proliferaram Porches, auto-estradas, institutos para tachistas, etc. ? Muitos escreveram e falaram que não era possível viver assim. Ninguém os escutou mas o pior é que durante mais 15 anos com Guterres e Sócrates continuamos como se nada fosse.

Mas também devemos questionar as políticas europeias. Quem empresta uma alfaia e não controla o seu uso arrisca-se a que ela venha destruída e ter que comprar outra. Como se diz vulgarmente vai-te lucro que me dás perda. A Europa construi-se sobre uma ilusão.

Todos os europeus vivem hoje com um medo antigo dos celtas; que não nos caia o céu em cima da cabeça. Uns por que nada têm e outros por não tem onde vender.

António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 16 de Fevereiro de 2012