quinta-feira, 20 de outubro de 2011

NÃO SABEM NEM SONHAM

Há gastos sem sentido. Muita da despesa apenas serve para enriquecer os amigos do poder.

As contas do Estado português estão há anos sem qualquer controlo. Os cidadãos sentem na pele os sacrifícios de sustentar um Estado perdulário, mas não sabem (nem sonham!) como o seu dinheiro tem sido desbaratado.

Há gastos sem qualquer sentido, uma parte significativa do orçamento é consumida a pagar erros acumulados no passado e muita da despesa apenas serve para enriquecer os amigos do poder. No final, só cerca de metade dos gastos tem uma utilidade social clara: as despesas com o serviço nacional de saúde, com a educação e com algumas funções de soberania.

Quem analise detalhadamente as contas do Estado fica com os cabelos em pé.

Só para compromissos com juros de dívida pública, contratada a juros inaceitáveis, vai uma fortuna. São cerca de sete mil milhões de euros, quase tanto quanto o que se paga em salários a todos os funcionários da Administração Central (cerca de nove mil milhões).

Há ainda os milhares de milhões que têm de se cativar no orçamento de cada ano, para compensar os défices crónicos nos fundos de um sistema de segurança social insustentável. A agravar este descalabro, nos últimos anos tem-se verificado uma sangria de recursos públicos para os cofres das empresas que dominam o regime.

As parcerias público-privadas estão à cabeça desta galeria de horrores. São muitos milhares de milhões de euros que se destinam a enriquecer os concessionários das Scut, os negócios da saúde ou da empresa Parque Escolar. Isto já sem falar dos trabalhos a mais nas obras públicas ou nas rendas escandalosas pagas por instalações desnecessárias.

E muitos mais são os gastos perdulários, misto de incompetência e de corrupção, que levam os recursos dos contribuintes. Dos estádios do Euro à vigarice gigantesca que constituiu a nacionalização do BPN (que nos custou mais de três mil milhões de euros), passando pela compra de submarinos inúteis.

É por estas e por outras que, se não mudar o paradigma das contas públicas e enquanto não formos esclarecidos sobre a forma como o Estado vai renunciar a estas práticas imorais, é inaceitável vir exigir mais sacrifícios aos cidadãos e às empresas.

Paulo Morais, aqui