Ao fim de dois meses, o governo já perdeu o estado de graça ou está no fim da linha.
Não só porque as medidas tomadas são bastante duras, mas também porque os grandes intérpretes do Memorando da Troika estão a exceder-se, em função de buracões encontrados; por outro lado, não têm sabido explicá-las e justificá-las devidamente.
Tem havido um grande défice de comunicação. Então, Victor Gaspar, o mau da fita, tem essa dificuldade nata, a que se soma a monotonia do discurso, pouco convincente. Cremos que isto sucede também porque a aplicação cega dos castigos/impostos, por mais que explique, poucos entenderão. Nem os da casa.
Este lançar de mão larápia, com toda a pressa, a tudo que resulte em receita, esquecendo o corte nas despesas, alguns privilegiados e as maiores fortunas do país, tem gerado mal-estar, um coro de protestos dentro do PSD (Marques Mendes, F.Leite, Mira Amaral, Graça Moura, Rui Rio Nuno M. Sarmento) e do parceiro de coligação (António Pires de Lima e António Lobo Xavier).
Sabe-se que, às vezes, o PSD tem instintos fratricidas, que quem falou não é das amizades especiais de Passos Coelho, mas, que diabo, não é tempo de apontar armas ou armar desforras. Para isso, aí estão o PCP, BES e agora o PS a renovar-se e a tentar branquear (no Congresso) o desastre recente que foi como governo que assinou o acordo com a Troika, deixando o país num mar de ruínas, sem porto seguro à vista.
Têm direito à crítica, mas, para já, era melhor olhar para trás e ver a porcaria que fizeram.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 15 de Setembro de 2011