A empresa portuguesa VoiceInteraction vai equipar tribunais do Brasil com um software que permite transcrever de forma automática a gravação áudio das sessões, subindo assim a facturação em 125 mil euros ainda este ano, revelou à Lusa um dos accionistas.
Renato Cassaca explicou que o software permite "o processamento automático de dados multimédia, quer áudios quer sejam vídeo, tudo de forma automática", de forma a transformá-los em texto.
A grande aposta da VoiceInteraction está virada para o Brasil, pois é um mercado onde não têm concorrência.
"Temos já contratos com o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná e com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso" representando 300 salas de audiências o que "trará à empresa um valor de 125 mil euros de facturação já em 2011", disse.
Até 2013, o que a empresa pretende é alargar a cobertura para os 27 estados do Brasil, o que significa que a "tecnologia estará presente em mais de 4000 salas de audiência", ressalvando contudo que as estimativas contabilizam apenas o Tribunal Regional do Trabalho, não considerando outras áreas da justiça, como sejam o Tribunal Constitucional e o Tribunal de Contas brasileiros.
"Não há nenhuma empresa que consiga dar resposta às necessidades que o mercado neste momento está a pedir, que é o processamento automático de dados multimédia, quer áudios como vídeo, tudo de forma automática o que implica ter uma tecnologia robusta, madura, capaz de processar grandes quantidades de áudio, em tempo útil, usando grandes dicionários", afirmou.
"Isto é possível porque a captura do áudio nos tribunais brasileiros assenta sobre uma infra-estrutura madura, que permite que o som gravado nas audiências seja processado computacionalmente, cenário este que ainda não tem paralelo em Portugal", destacou.
Estão disponíveis no mercado internacional outras tecnologias de reconhecimento de voz, mas Renato Cassaca diferencia a da VoiceInteraction pela capacidade de "reconhecer, em tempo real, sobre um grande espaço de procura, isto é, dicionários bastantes grandes, num tempo útil".
Também as estações de televisão brasileiras como a Record, a Globo ou a Bandeirantes vão comprar este software, com fins de indexação do arquivo multimédia e legendagem em directo.
"Vamos indexar o arquivo deles, para que seja pesquisável por texto e não apenas por data sendo possível pesquisar por conteúdo aquilo que foi dito durante a emissão das televisões", especificou.
Constituída em 2008, a empresa surge no spin-off do INESC-ID Lisboa, tendo desenvolvido tecnologias na área do processamento da fala.
A equipa da VoiceInteraction é formada por investigadores oriundos do Laboratório de Sistemas de Língua Falada do INESC-ID Lisboa que em parte trabalharam no Projeto Tecnovoz.
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