A situação de pré-bancarrota a que o país chegou, levou o PS, o PSD e o CDS a assinarem um memorando político com a troika, sem o qual o empréstimo externo, próximo dos 80 mil milhões de euros, não chegaria a Portugal, desse modo evitando um colapso na vida nacional, de consequências imprevisíveis.
E, de entre as reformas que por via desse compromisso o novo Governo levará a cabo, conta-se o “desengorduramento” do poder local, em particular nas Câmaras Municipais, eliminando centenas de empresas municipais deficitárias e sem objectivo interesse público, procedendo a um crivo selectivo para financiamentos futuros e aprovando um novo quadro para a eleição e funcionamento dos órgãos executivos, com a quase certa novidade de Câmaras Municipais monocolores, já nas próximas eleições autárquicas.
Infelizmente, o Poder Local está cheio de casos de corrupção e enriquecimento ilícito e tem sido terreno “fértil” para carreiras apetecidas de administrador em Associações de Municípios e empresas público-privadas.
Longe vai o tempo em que os autarcas caminhavam pelo seu próprio pé, contavam todos os tostões do magro orçamento e a sua porta do gabinete estava sempre aberta para receber o mais humilde e simples dos cidadãos.
“Limpar” as gorduras da malha autárquica não vai ser fácil: há velhos vícios instalados, carapaças duras e muitos guarda chuvas partidários.
Mas a hora chegou, marcada pela troika: e sem hesitações cortar na despesa, no excesso de tanto director, tanto vereador, tanto carro preto, cinza ou metalizado, tanto cartão de crédito dourado, tanto pedido de empréstimo à banca com o aval (de cruz) da Assembleia Municipal.
Na Câmara de Águeda, também há muito para “varrer” e talvez fosse bom começar a fazê-lo já, sem estar á espera das próximas eleições.
Não concordas, Beatriz?
José Neves, aqui
