Sabe bem saber que a troika se opõe a novos aumentos de impostos.
O governo está a ser mais papista que a própria troika. Vai além das receitas, já de si violentas. Estão a ser ultrapassados todos os limites da justiça e da ética.
Tudo o que mais vier – e vai vir - é obsceno, injusto e estrangulador da economia.
A Troika remete o trabalho do governo para o emagrecimento e reforma do Estado, uma máquina pesada, cheia de vícios e de gente a coçar-se pelos corredores, imensa, que têm contribuído para o descalabro. Sabe bem saber que Passos Coelho bateu o pé à Troika que pede um corte de 8% na taxa social única. Nem pensar, disse-o no Parlamento. Todos esperam que cumpra.
Sabe bem saber que, finalmente, o governo vai extinguir 137 organismos que ninguém sabe o que fazem de útil, tão pouco os resultados, mas custavam um dinheirão e eram algumas das quintas dos dois maiores partidos. E fundir outros. Deles vão ser apeados 1712 dirigentes ( directores-gerais e chefes). Mas talvez tudo isto ainda não passe de mera operação de cosmética. Ainda há muita limpeza a fazer nos tachos do Estado.
Revolta saber que da Madeira vem outro ciclone que dá cabo das contas e projectos de qualquer governo. O INE (só agora, por quê?) anuncia outro buracão nas contas, uma derrapagem de 1.113 milhões de euros, proveniente de obras sem facturas emitidas. Verba durante anos escondida ao governo PS e Tribunal de Contas. “Uma irregularidade grave”, diz Passos Coelho, uma jardineirice, diz o povo, que se interroga: como é possível? Jardim sempre fez o que quis do Continente, muitos foram-lhe subservientes. Ninguém foi capaz de lhe bater o pé. O resultado está à vista. Gastou sempre à larga entre postas de pescada e ameaças…
Até quando, é que, num país a sério, responsáveis por casos de derrapagem enormes e contas ocultas ficam impunes perante a justiça?
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 22 de Setembro de 2011