quinta-feira, 4 de agosto de 2011

POUCA GRAÇA

Sabemos que um mês de governação num país em descalabro financeiro ainda permite um certo estrado de graça, mas já se vêem no governo de Passos Coelho coisas que começam a não ter graça nenhuma.

Nada de muito grave, mas pode ser indício de alguma preocupação.

É verdade que na campanha e na oposição foi dizendo que era necessário emagrecer o Estado, tinham feito estudos, sabiam onde cortar as enxúndias vergonhosas. Passados pouco mais de trinta dias, até agora fez o mais fácil: emagrecer mais os bolsos dos contribuintes.

Ainda nada foi feito para racionalizar custos ou emagrecer a máquina do Estado, extintos institutos e fundações, empresas público-privadas. Dizem que o pacote vem no início de Outubro. Esperamos para ver onde e como.

Há mesmo sinais que lembram maus exemplos anteriores. Um deles: entre as 235 nomeações, que nos vão custar sete milhões, há a de mais quatro administradores, não executivos, para a Caixa Geral de Depósitos, cujos ordenados foram sonegados no site do governo que diz ser modelo sugerido pela Troika, formado essencialmente por um Conselho Administrativo e outro Executivo, que ficará mais em conta. Não é de acreditar que fique mais barato e dê melhores frutos, como já não houve no passado. Aqui faltou o diáfano tule da transparência, a inteira mostra da credibilidade.

Esta fica fragilizada quando o governo pede ao debilitado cidadão pesados sacrifícios e Passos Coelho nomeia 11 motoristas para seu serviço, não se sabe bem para quê, número que baixou para nove (Sócrates tinha bem mais, é verdade) e nada menos do que nove secretárias, etc…

Bem pode Passos Coelho viajar em classe económica, moralizar o uso da frota dos carros do Estado, que isso não chega para convencer a malta de que agora é que é. É preciso fechar rapidamente a torneira aos sorvedouros dos dinheiros públicos.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 4 de Agosto de 2011