Se o governo fosse apenas uma pessoa teria cerca de 46 anos, filiação num partido político, pouca ou nenhuma experiência e uma licenciatura em Direito na Universidade de Lisboa.
O que curiosamente não anda muito longe do perfil do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que apostou num governo curto - 11 ministros e 35 secretários de Estado - para fazer frente à maior crise da história da democracia.
Um dos dados mais relevantes, quando se analisa este governo à lupa, é a falta de experiência governativa da maioria dos novos ministros e secretários de Estado. Entre os 47 membros dos executivo (contando com Passos Coelho) apenas dez já governaram. Uma realidade que se sentiu logo na escolha dos ministros que, na maioria dos casos, nunca integraram nenhum executivo. E a composição dos gabinetes seguiu o mesmo caminho. Por exemplo, no Ministério das Finanças - o mais determinante para os próximos tempos tendo em conta o plano da troika - dos cinco elementos que constituem o gabinete nenhum tem experiência governativa.
Entre os secretários de Estado, a esmagadora maioria estreou-se há uns dias e ainda está a aprender a lidar com as novas funções. São os casos de Fernando Santo, ex-bastonário da Ordem dos Engenheiros, ou de Pedro Silva Martins, que veio do estrangeiro (Londres) para trabalhar com Álvaro Santos Pereira, que veio directo de Vancouver, no Canadá, onde era professor universitário na Simon Fraser University.
Há, pelo menos, 14 governantes que passaram uma parte da sua vida no estrangeiro a estudar ou a trabalhar, sendo certamente dos governos com mais internacionalizações. Se isso é bom ou mau será tirado a limpo no futuro, sendo que até agora a face mais visível dessa experiência internacional foi notada quando o ministro da Economia pediu aos jornalistas que o tratassem por Álvaro e não por ministro, dizendo que é isso que se passa lá fora.
Horas de estudo.
O que falta em experiência governativa aos novos ministros e secretários de Estado, sobra em horas de estudo nas universidades. Mais de 15 têm um doutoramento e não há nenhum deles que não seja, pelo menos licenciado. Mas também há quem ainda esteja a meio caminho, como o novo secretário de Estado adjunto do ministro dos Assuntos Parlamentares, Feliciano Barreiras Duarte, que está a terminar a tese de doutoramento sobre políticas públicas de imigração. Entre os doutores deste governo estão a ministra da Agricultura e do Ambiente Assunção Cristas - doutorada em Direito Privado - e Nuno Crato - doutor em matemática Aplicada.
Quanto a idades, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho preferiu escolher pessoas da sua geração e, se fizermos as contas, a média de idades do governo, ela anda pelos 46 anos, apenas menos um do que o chefe do executivo, que faz este mês - no dia 24 - 47 anos. Entre os mais novos estão algumas das escolhas de Paulo Portas para o governo, como a secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, que tem apenas 34 anos ou o ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, que tem 36 anos, ou ainda a ministra Assunção Cristas, também com 36.
Partidos ao poder.
Onze dos 47 novos governantes foram escolhas de Paulo Portas, que ficou com três ministros e oito secretários de Estado e aproveitou para lançar algumas das suas apostas no CDS (Cristas e Mota Soares). É de frisar que a constituição do elenco governativo não foi conseguida à primeira, as notícias de recusas foram algumas, muitas delas confirmadas por quem chegou a ser convidado. Mas o que é certo é que a maioria dos novos governantes tem filiação partidária e alguns, como Miguel Relvas ou Marco António, têm uma ligação forte ao aparelho partidário, mas também não faltam independentes no novo executivo. Ao todo são 19 e vieram, em muitos casos, da banca e das universidades.
As universidades que mais governantes produziram foram a de Lisboa (8) e a de Coimbra (7), sendo que uma boa parte dos governantes tem formação em Direito. Bem colocadas também estão a Universidade Técnica de Lisboa (7) e a Universidade Católica Portuguesa (6). E apesar do primeiro-ministro ter o curso de uma universidade privada - a Lusíada - não há dúvida de que a esmagadora maioria dos governantes optaram pelas universidades do Estado.
Quanto à quota feminina, ainda não foi desta que as mulheres conseguiram estar em maioria num governo. São apenas 8, enquanto os homens são 38. Os números pioram quando falamos e, ministros, já que Passos e Portas escolheram apenas duas mulheres entre os onze eleitos: Assunção Cristas e Paula Teixeira da Cruz.
Luís Claro, aqui