A Páscoa é a festa mais importante do calendário litúrgico cristão, mas só no mundo rural é que ainda se mobilizam vilas e aldeias inteiras para a festejar.
Nas aldeias, “cada procissão, via sacra ou cantar dos martírios ainda tem muito impacto porque mobiliza toda a população”, enquanto nas cidades “muitas pessoas aproveitam para ir de férias”, desabafa o padre Fernando Brito, Arcipreste da Covilhã.
Nas freguesias em redor não faltam celebrações, enquanto na Covilhã Fernando Brito gostaria de ter “mais fiéis na Vigília Pascal” (primeira celebração da Ressurreição), das poucas tradições que ainda resistem, na cidade.
Seguindo pela estrada fora, há procissões com diferentes histórias, recriação de rituais de origens pagãs (como a Santa Bebiana, padroeira dos bêbados, nas vilas de Paul e Caria) e cantar dos martírios.
Estes cantares recordam, em tom triste, à noite, a duas vozes e a partir dos pontos mais altos de cada povoação, a caminhada de Jesus para o Calvário.
Para Fernando Brito são, a par das procissões, “o momento que toca mais profundamente” nas tradições de Quaresma.
O empenho no mundo rural beirão é tal que a ADERES – Associação de Desenvolvimento Rural, que engloba as freguesias da Covilhã, Fundão e Castelo Branco, resolveu este ano criar um programa de divulgação para turistas.
José Serra dos Reis, presidente da ADERES, não tem dúvidas: na altura de atrair visitantes, as vivências culturais e religiosas da Páscoa “são o complemento” dos recursos naturais e da carta gastronómica.
Entre os exemplos, “perde-se no tempo a Procissão dos Penitentes”, na vila do Paul, sempre pela noite e em silêncio, com homens envoltos em lençóis brancos, a tentar purificar os seus pecados.
Mais a sul, São Vicente da Beira tem a Procissão dos Terceiros, “com 14 andores que saem à rua segundo uma tradição já rara em Portugal da Ordem Terceira de São Francisco”.
Manifestações religiosas que num ápice movimentam “entre 200 a 250 pessoas”, realça José Serra dos Reis.
Noutros pontos da Beira Baixa, os municípios de Idanha-a-Nova, Fundão e Proença-a-Nova também promovem as tradições da Quaresma das respetivas freguesias.
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