segunda-feira, 25 de abril de 2011

'DECLARAÇÕES DE OTELO SÃO INCOMPREENSÍVEIS'

O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, considerou hoje “incompreensíveis” as recentes declarações de Otelo Saraiva de Carvalho e acusou o capitão de Abril de “confundir efectivamente” as motivações e os objectivos da revolução.

Em declarações à agência Lusa à margem da apresentação da 34.ª Corrida da Liberdade, na sede da associação, em Lisboa, Vasco Lourenço defendeu que “não se pode confundir o que se passou nos últimos 37 anos com o 25 de Abril em si” e que os objectivos da “liberdade, democracia e paz” foram alcançados.

“Olhando para trás, gostava que a situação [do país] fosse muito melhor do que é. Isso não significa que se conclua ‘se soubesse o que sei hoje não teria feito o 25 de Abril’. Afirmo, categoricamente, que ter-me-ia empenhado como me empenhei para fazermos um acto como o 25 de Abril”, afirmou.

Otelo Saraiva de Carvalho afirmou quarta-feira em entrevista à agência Lusa que se soubesse como Portugal ia ficar não tinha realizado o 25 de Abril e que uma nova revolução só acontecerá com a perda de direitos dos militares.

Classificando as declarações de Otelo como “incompreensíveis”, o coronel Vasco Lourenço sublinha que já se desiludiu “tantas vezes” com Otelo Saraiva de Carvalho e acusa um dos capitães de Abril de “confundir o que foi efectivamente o 25 de Abril”.

“Também está mais do que demonstrado que - e o Otelo tinha mais que a obrigação de já ter percebido isso - as motivações maiores, que já vinham de trás, eram motivações políticas, de desejo de uma sociedade livre, democrática e de uma sociedade que não oprimisse outros povos, impondo-lhes uma guerra”, afirmou.

Para celebrar mais um aniversário da revolução dos cravos, a Associação 25 de Abril organiza a 34.ª Corrida da Liberdade, com partida na Pontinha, Largo do Carmo e Marquês de Pombal, com fim nos Restauradores, e participa num jantar convívio e no habitual desfile na Avenida da Liberdade.

Sobre a não realização da habitual sessão solene na Assembleia da República, Vasco Lourenço fez questão de frisar que a decisão foi tomada “por unanimidade” pela conferência de líderes e não pelo Governo, considerando, no entanto, que os argumentos dos partidos foram “falaciosos”.

Questionado se a Associação tinha sido convidada para uma cerimónia a realizar no Palácio de Belém, Vasco Lourenço negou qualquer contacto até ao momento.

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