Investigadores da Universidade de Vila Real dataram com 1098 anos a histórica oliveira do Convento do Espinheiro, em Évora, através de um método "único no mundo" que consegue datar árvores até aos três mil anos, anunciou hoje fonte da instituição.
O método de datação foi desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e encontra-se em fase de registo da patente, sendo os seus mentores José Luís Lousada e Pacheco Marques, investigadores do Departamento Florestal.
Usando esta nova metodologia, José Lousada afirmou hoje à Agência Lusa que a famosa oliveira, que se encontra no Convento do Espinheiro, tem 1098 anos.
A cerimónia de entrega da certificação desta árvore decorre a 19 de Fevereiro, naquele Convento, numa iniciativa promovida pela empresa "Oliveiras Milenares", parceira da UTAD no projecto de datação de árvores idosas. O docente explicou que a investigação começou em 2007, depois de terem sido contactados pela empresa que comercializa árvores "Oliveiras Milenares", com o objectivo de desenvolverem um sistema de datar árvores antigas.
De acordo com o docente, a datação de árvores relativamente jovens é, de um modo geral, fácil, sendo neste caso normalmente utilizados métodos óticos para a avaliação da sua idade, como a contagem dos anéis de crescimento. No entanto, acrescentou, a utilização deste sistema em árvores muito antigas era "impraticável" pois, na maioria dos casos, a parte central das árvores e que corresponde à sua zona mais velha, entra em biodegradação. Ou seja, "fica oca no seu interior" o que "impossibilita a datação".
O novo método consiste num cálculo, que é feito através de um modelo matemático que relaciona a idade com uma característica dendrométrica do tronco, como seja o raio, diâmetro ou perímetro do tronco. O investigador referiu ainda que se recorre ao estudo de outras árvores, com características idênticas, para depois, de forma comparativa, se ir preenchendo a parte interior como se fosse um puzzle.
José Lousada garantiu que a nova metodologia não provoca a destruição da árvore, pois não obriga ao seu abate, nem provoca lesões que comprometam a sua sanidade. É ainda, segundo frisou, "um sistema extremamente rápido, comparativamente aos métodos tradicionais", como a contagem dos anéis de crescimento ou a análise de radiocarbono da madeira. Esta metodologia permite estimar a idade de qualquer árvore muito idosa, podendo ir até aos três mil anos, mesmo que esta se apresente oca no seu interior. O investigador referiu que as árvores portuguesas mais antigas são as oliveiras.
A oliveira de Évora é anterior ao próprio convento, construído no século XV e palco de várias lendas, desde a visão da presença de Nossa Senhora sobre um espinheiro em chamas até aos encontros amorosos, ao tempo clandestinos, entre o príncipe Afonso (filho de D. João II), e a princesa Isabel, filha dos reis católicos de Espanha, encontros que terão "ofendido" a padroeira por terem lugar antes do casamento.
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