À porta do Ministério da Educação (ME), cerca de 200 pais e alunos do ensino particular e cooperativo gritavam: "Querem matar a nossa escola." Lá dentro, a ministra respondia considerando "indigno" o uso de crianças em manifestações.
Ao mesmo tempo deixou um aviso aos colégios privados com contrato de associação: "Se houver colégios que não quiserem assinar os contratos, o Ministério encontrará lugar para as crianças na escola pública ou em outros colégios que já vieram ter connosco e que querem assinar contratos."
Isabel Alçada deixou assim claro que se os 36 colégios que ainda não assinaram as adendas não o fizerem até ao final dos contratos, poderão vir a ser substituídos por outros privados que actualmente não fazem parte da rede pública. Contactada pelo DN para comentar esta hipótese, a Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo não apresentou nenhuma resposta.
Até ao final do dia de ontem, 57, dos 93 colégios com contrato de associação, já tinham assinado os acordos para a redução dos financiamentos. Cada colégio receberá, entre Janeiro e Agosto, 90 mil euros por turma/ano, em vez dos 114 mil que recebiam em média. No próximo ano lectivo, o apoio do Estado será reduzido para os 80 080 euros por turma/ano.
Valores aos quais os colégios se opõem e que levaram pais e alunos ontem a manifestarem-se à porta do ministério, em Lisboa. Para hoje estão previstos os primeiros encerramentos das escolas. "Amanhã [hoje] vão fechar já 10 a 26 escolas e na quinta-feira [amanhã] devem encerrar 60 a 70", confirma Luís Marinho, porta-voz do Movimento SOS Educação. Uma acção de protesto que a ministra considera "ilegal". Isabel Alçada sublinha que estes estabelecimentos de ensino exercem um serviço público, pago pelo ME, pelo que considera que "qualquer forma de tentar fechar os colégios é absolutamente ilegal".
A governante mostrou ainda estar contra o uso de crianças na manifestação. A entrega de caixões com as fotografias dos alunos também gerou críticas entre professores e associações de pais (ver texto ao lado). Para os encarregados de educação que estiveram presentes, esta foi a melhor forma de chamar a atenção. "O meu filho anda na mesma escola desde o 5.º ano e está agora no 9.º. É a escola mais perto de casa e estou disposto a participar noutras formas de luta", garante um dos pais. Também a aluna Carolina Duarte estava bastante revoltada. "Os clubes e as aulas de apoio acabaram e só funcionam porque os professores o fazem de forma voluntária", conta a aluna do 12.º ano do Externato de Penafirme, Torres Vedras.
Os encarregados de educação defendem que o ME reveja o financiamento caso a caso. Do lado da tutela, Isabel Alçada garante que "nos últimos anos o ME pagou a alguns colégios bastante mais do que seria justo, permitindo que alguns obtivessem elevadas margens de lucro". Os dados do ME mostram que no ano lectivo 2005/2006 a tutela pagou por 2333 turmas, cerca de 216 milhões de euros. Já em 2009/2010, as 2209 turmas custaram quase 240 milhões.
Ana Bela Ferreira, aqui