sábado, 11 de dezembro de 2010

A POBREZA É AGORA PARA JOVENS DESEMPREGADOS E MAL PAGOS

Há cada vez mais blogues de mães dedicados ao dia-a-dia dos filhos. Especialistas dizem ser uma "invasão à privacidade da criança".

Em cinco anos, a noção que os portugueses têm sobre a pobreza mudou de alvo. Pobres são hoje os jovens à procura do primeiro emprego, os que têm trabalhos precários e aqueles que ganham baixos salários, mas em 2004 eram, sobretudo, os idosos, os alcoólicos, os toxicodependentes e os deficientes.

Essa é a principal conclusão do Estudo Sobre a Percepção da Pobreza em Portugal, que a Rede Europeia Anti-Pobreza apresentou ontem em conjunto com a Amnistia Internacional/Portugal (AIP) e o Socius - Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações do ISEG e UTL.

"Essa transformação acontece porque houve um combate eficaz à pobreza extrema dos grupos que antes estavam mais vulneráveis à pobreza", explica ao i o director executivo da AIP, Pedro Krupenski. E essa será uma das razões para esses alvos passarem para segundo plano. A actual crise financeira e as elevadas taxas de desemprego explicam, por outro lado, a mudança de opinião dos portugueses sobre os novos grupos.

"Os dados oficiais da pobreza em Portugal mostram que 18% da população é pobre, quando a percepção das pessoas é de que mais de metade da população é carenciada". Daí que o responsável da Amnistia defenda que as políticas de combate devam considerar não só as estatísticas, mas também a percepção que se tem sobre este fenómeno.

Não ter água ou electricidade em casa são indicadores de pobreza identificados pela maioria dos portugueses, mas surgiram entretanto outros bens que já começam a ser considerados como igualmente essenciais. Carro ou televisão são outras necessidades básicas: "A definição de pobreza material foi a mais escolhida", explica Raquel Rego, investigadora do Socius.

Um descrédito cada vez mais acentuado parece ser a tendência dos portugueses, que estão cada vez mais pessimistas face ao futuro do país. Quando questionados sobre os próximos cinco anos, os inquiridos demonstram um alto nível de pessimismo e de baixas expectativas: 75% considera que a situação agravou- -se desde 2004 e 50% está convencida de que irá continuar a piorar.

Pedro Krupenski chama a atenção para outra conclusão do estudo: "O governo é causa, mas também é a solução do problema. O Estado continua a ser visto pelos portugueses como o único responsável pela situação económica do país", diz Krupenski, alertando para a necessidade dos portugueses não se desresponsabilizarem.

Outra tendência, é que as precárias condições laborais continuem a ser vistas como causa da pobreza. No entanto, a investigadora do Socius alerta: "A definição deste conceito é sempre indicativa, já que estamos a falar de percepções". O certo é que os resultados do último Eurobarómetro sobre a pobreza e exclusão social, divulgado no início de Novembro, coincidem com as conclusões deste estudo: 88% dos portugueses considera que a pobreza é generalizada, um valor acima da média europeia (73%).

Retirada daqui