Uma notícia publicada pelo DN deu conta de contactos entre as federações de futebol de Portugal e Espanha para um futuro campeonato ibérico.
Notícia pequena e com assunto não tão inédito, variantes dele (taças europeias) já existem. Isso não impediu o escândalo: o site do DN teve mais de cem comentários de leitores, a maioria querendo defenestrar os Miguéis de Vasconcelos (os federativos que estudavam a "traição" e os jornalistas que a propalavam).
Um leitor apelou ao levantamento dos quartéis para abafar a vontade iberista dos estádios... Mais do que o assunto, impressionou-me o tom. Melhor, a rapidez com que se esganiçaram insultos. Perguntei-me se isso aconteceria numa conversa de café. Alguém dizia: "Bom, mesmo, era um campeonato com o Porto, Benfica e Sporting a jogar contra o Real Madrid, o Barcelona e o Sevilha."
Será que um companheiro de tertúlia lhe atirava com o café à cara e o chamava vendido a Madrid? Certamente que não. Podia aplaudir a ideia ou achá-la perigosa (os clubes portugueses ficariam chamuscados no negócio?). Enfim, discutia-se. Então, o que diferencia o tom civilizado, no café, e o insulto gratuito na caixa de comentários? A pequenez da mesa.
A proximidade física torna mais cordiais as pessoas. Já o anonimato das caixas de comentários dá aquela ilusão de distância que leva à impunidade. E esta, como se sabe, faz engrossar a voz.
Ferreira Fernandes, aqui