quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O QUE FOI O 25 DE NOVEMBRO DE HÁ 35 ANOS?

Este dia tem várias narrativas: Álvaro Cunhal, num livro sobre A Verdade e a Mentira na Revolução de Abril, diz que não houve "nem golpe nem tentativa de golpe do PCP", tese defendida pelos vencedores: "O 25 de Novembro foi um golpe de força militar, preparado pelo PCP", segundo José Manuel Barroso.

20 de Novembro - o antes
O comando da Região Militar de Lisboa muda de mãos: o Conselho da Revolução troca Otelo Saraiva de Carvalho por Vasco Lourenço. O Governo de Pinheiro de Azevedo anuncia a suspensão das suas actividades por "falta de condições de segurança". "Não gosto de ser sequestrado", avisa o então primeiro-ministro.

25 de Novembro - de manhã
Um grupo de pára-quedistas da Base Escola de Tancos ocupa o Comando da Região Aérea de Monsanto e seis bases aéreas. Este acto parece apanhar as diferentes correntes político-militares "de surpresa", segundo defende a investigadora Maria Manuela Cruzeiro: "A acção dos páras provocou certa confusão."

Motivos para saírem à rua
O motivo invocado pelos pára-quedistas é a passagem à disponibilidade de cerca de mil "camaradas de armas de Tancos", por decisão do general Morais e Silva, chefe de Estado-Maior da Força Aérea. Os militares insubordinados prendem o general Pinho Freire e exigem a demissão de Morais e Silva.

A reacção dos 'moderados'
Militares moderados conhecidos por Grupo dos Nove, que preparavam havia meses uma eventual resposta a um "golpe militar", consideram este como a prova de que estaria a ser preparado o tal golpe de Estado de sectores mais radicais à esquerda. E actuam com o apoio do PS e PSD e a cobertura do Presidente Costa Gomes.

Costa Gomes e o PCP
Diz a história que Costa Gomes obteve do PCP a confirmação de que não convocaria os seus militantes para a rua. Álvaro Cunhal refuta esta leitura, contando que a direcção comunista pediu às suas organizações para "para não se deixarem arrastar em atitudes ou (...) em aventuras" e que desmentiu ao PR essas "especulações".

25 de Novembro - à tarde
Militares do Regimento de Comandos da Amadora, afectos ao Grupo dos Nove, cercam o Comando da Região Aérea de Monsanto, onde os páras se mantinham. Num comunicado afirmam que o seu acto "não se tratou de nenhum golpe militar", mas antes uma operação de "contestação directa" ao CEMFA.

25 de Novembro - o ocaso
É decretado o estado de sítio pelo Presidente da República para a região de Lisboa. Os militares afectos ao Governo - do Grupo dos Nove - assumem o controlo da situação. São presos os revoltosos que tinham ocupado Monsanto. Dias depois, os generais Carlos Fabião e Otelo são destituídos dos seus cargos.

Retirado daqui