sexta-feira, 1 de outubro de 2010

LIVRO RESPONDE ÀS PERGUNTAS DIFÍCEIS SOBRE O CANCRO DA MAMA

A partir de hoje, sexta-feira, está à venda um livro sobre o cancro da mama que aborda questões práticas da vida da doente e que pretende preencher um vazio de informação que existe em Portugal sobre esta matéria.

"Cancro da mama - respostas sempre à mão" é o título do livro que responde a mais de 350 perguntas feitas por pessoas reais sobre todos os aspectos relacionados com esta doença.

A revisão técnica do livro, escrito por uma médica, uma enfermeira e uma radioterapeuta oncológicas, foi feita por Maria João Cardoso, cirurgiã mamária oncoplástica do Hospital da Trindade no Porto.

"Há pouca literatura organizada em Portugal sobre o assunto. Há livros de testemunhos, mas isso é diferente. Este não é um livro técnico mas também não é de testemunhos. Pretende responder ao antes, durante e depois. São questões simples, com respostas simples, e muito variadas. Não é um livro de experiências", explicou à Lusa.

Na opinião da também investigadora, o que é mais preciso dar às pessoas que estão envolvidas num tratamento de cancro da mama é informações relacionadas com a vida prática: qual o apoio relativamente ao emprego, o que acontece durante a quimioterapia, se se pode fazer alguma coisa para evitar a queda do cabelo, consequências na vida pessoal, com o marido, os filhos, quais os sintomas exatos, terapias alternativas, e até conselhos sobre alimentação e exercício físico.

"São assuntos pouco focados e respostas a questões que as pessoas se inibem de fazer: se tiver alguma dúvida, a quem me posso dirigir, qual a diferença entre os tratamentos, em que consistem, como se lida com o assunto quando o cancro volta ou por que fazer uma mamografia e não uma ecografia", exemplificou.

O livro não fala muito da prevenção, é mais dirigido a pessoas que têm cancro da mama ou familiares, disse Maria João Cardoso, sublinhando a "quantidade inacreditável de livros estrangeiros e poucos portugueses" que existem sobre esta matéria.

"É um país com uma falta enorme de apoio. As pessoas fazem terapia mas não de forma complementar. Este tipo de apoio -- ter pessoas com quem conversar e que esclareçam aspectos não clínicos da doença - não existe praticamente em Portugal", afirmou.

Uma das leitoras do livro, uma psicóloga clínica do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, afirmou: "Quando alguém de quem gostamos tem cancro da mama, o que mais queremos é ajudar. Este é o livro que faltava para dar respostas práticas àquelas dúvidas que vão surgindo ao longo do processo de doença e dos tratamentos."

Em Portugal surgem 4500 novos casos de cancro da mama por ano. A incidência não tem aumentado, mas também há mais alerta, explicou Maria João Cardoso, acrescentando que não é possível saber com exactidão a taxa de mortalidade associada a esta doença.

"Estima-se que em cada 10 novos casos de cancro por dia há uma mulher que morre. Mas para saber ao certo é preciso saber quantas existem com cancro da mama vivas e isso não sabemos", disse.

Lamentando a falta de comunicação entre os serviços, a médica afirma que "o que acontece infelizmente em Portugal é a dificuldade de calcular a incidência e a mortalidade porque nem todas as mortes por cancro são declaradas como tal".

Retirada daqui