quarta-feira, 8 de setembro de 2010

SAÍU DO ANONIMATO PARA SE RESGUARDAR

Bernardo Teixeira decidiu sair do anonimato quando publicou um livro sobre os abusos que sofreu. Acusou Carlos Silvino.

Quando escreveu o livro Porquê a Mim?, sobre os abusos sexuais que sofreu quando estava na Casa Pia, Bernardo Teixeira pensou em manter-se no anonimato. Mas dias antes optou pelo contrário. "Percebi que, quando estivesse sob os holofotes da comunicação social, ninguém iria fazer-me mal", contou ontem ao DN.

Agora que a sentença foi proferida, Bernardo Teixeira confessa já não ter medo. "Podem dizer o que quiserem", refere. "Agora vou finalmente mudar este capítulo da minha vida, porque o que interessa é a sentença da 1.ª instância", diz.

Mas este sentimento de alívio nem sempre foi assim. No início do processo chegou a ser agredido por "um negro" e um "branco", no Cais do Sodré. "Agora vê lá o que dizes em tribunal", conta no livro que publicou no ano passado.

Ao DN recorda ainda um episódio mais grave, quando em 2005 foi sequestrado à porta da casa onde vivia com uma tia, em Oeiras. Passou três dias enfiado na bagageira de um carro e foi depois abandonado - faminto e desidratado - em Almada.

Hoje refere que se queixou à polícia e descreveu os agressores. "Ainda chegaram a dizer que me iam chamar para fazerem retratos-robô. Mas nunca o fizeram e o processo acabou por ser arquivado", recorda.

Afirma que o processo não andou porque não havia interesse. "Sequestraram-me porque era o receio de alguém que eu indiciei mas que não chegou a ser acusado", diz. "Era uma pessoa demasiado importante", acrescenta.

Hoje fala tranquilamente sobre o processo e o que passou. Mas, no dia em que deu a cara, confessa, foi tomado pelo nervosismo. "Sempre tentei lutar pelo processo e dar a cara também era uma forma de credibilizar o meu testemunho."

Ainda antes de publicar o livro, Bernardo tomou outras precauções. No dia em que viu o seu nome, "Vando", estampado num jornal, decidiu accionar os procedimentos para mudar de identidade. "O jornalista em questão achou que era um pseudónimo, por ser um nome pouco comum, e eu tive medo de ser identificado", refere.

Bernardo acusou Carlos Silvino de vários crimes de abuso sexual e apontou o dedo ao apresentador de televisão Herman José. Herman foi constituído arguido, mas não foi pronunciado pelo crime. Na data referida por Vando para os abusos, Herman não estava em Portugal. E Vando garantira que tinha sido nessa data porque se recordava de uma festa da escola a que tinha ido.

Sónia Simõesaqui