segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"PURO ALARMISMO"

Não se imagina o embaraço em que me sinto metido quando me dá para pensar sobre os dias que correm.

E, sobretudo, quando visiono o futuro que se prepara para a Democracia a que chegamos vai para 40 anos.

Há pouco mais de uma semana, num despacho penosamente parturejado, o Governo reconhecia o progressivo agravamento da situação financeira. No mesmo dia, o seu chefe chamou a declarações desse género "puro alarmismo"! Erro trágico: na verdade, é assim que se deixam os cidadãos impreparados para as dificuldades, tornando impossível a regeneração.

O Orçamento que aí vem deveria ser um sinal (ainda que apenas um sinal) para o futuro. Faria todo o sentido que resultasse de um largo acordo. Não será: o Governo quer os votos da Oposição, mas não a colaboração das suas ideias. Parafraseando um dito corrente na rivalidade desportiva, quem não vota a favor nem sequer é bom chefe de família… O debate parlamentar desta semana confirmou tudo isso.

Entretanto, a Espanha arrancou para a recuperação à custa de medidas muito duras. Zapatero teve coragem e resignou-se, pelos vistos, a perder as próximas eleições. Sócrates nunca admitirá uma eventualidade dessas. Aliás, vive num mundo cor-de-rosa, onde tudo vai bem, a crise acabou e o que importa é inaugurar mesmo que ainda não tenha sido construído.

Estamos na rampa do abismo: que venha o FMI, ou outra qualquer entidade, capaz de nos livrar da bancarrota.

António Freitas Cruz, aqui