segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O QUE ARDE CURA

As televisões mostraram de raspão (quem sabe se envergonhadamente…) uma ideia que Miguel Cadilhe terá deixado cair algures por aí e que se poderá traduzir, salvo erro, mais ou menos assim: vale mais uma boa crise política do que um mau Orçamento. Ou seja, digo eu, o penoso deslizar para um pântano sem saída.

Não tenho competência para debater a proposição do prestigiado antigo ministro, mas aquilo a que chamarei, sem originalidade, o meu "feeling" diz-me que lhe assiste a razão.

Nunca se saberá o que seria melhor. Está totalmente fora de hipótese a concordância do presidente. Trata-se de um institucionalista inveterado, que defende o integral cumprimento dos mandatos e que, ainda por cima, se encontra à beira da sua própria reeleição: donde, estabilidade a qualquer preço, ainda que nos atire contra uma parede.

Quando Cavaco Silva ajudou a correr com um primeiro-ministro, deu-se mal com o fim da história. Se é certo ter conseguido que Jorge Sampaio despachasse a "má moeda", a verdade é que a "boa moeda" que lhe coube em sorte (e a nós também!) não era, afinal, assim tão boa. Por acaso, até era bem pior.

De modo que, com a irresponsabilidade própria de quem não tem poder, assim a modos que um bloquista ou um "pêcê" (ambos já sem a ditadura do proletariado), e beneficiando do estatuto ímpar da impertinência, eu apostava na crise política.

Afinal, o que arde - cura!

António Freitas Cruz, aqui