quinta-feira, 26 de agosto de 2010

SINGULARIDADES REPETÍVEIS, OBVIAMENTE








Texto integral da autoria de Armor Pires Mota, publicado no Jornal da Bairrada de 1 de Setembro de 2005

Feriado Municipal de Oliveira do Bairro
Brilhou nas condecorações e nas emoções
 A Câmara condecorou, na passagem do 2º aniversário da elevação de Oliveira do Bairro a cidade e mais quatro freguesias a vila (Bustos, Mamarrosa, Palhaça e Troviscal), dia 26 de Agosto, o novo feriado municipal, quatro personalidades, duas colectividades e uma empresa “pelos relevantes serviços prestados” ao concelho em diversas áreas (cultura, solidariedade social, desporto e sector empresarial), com a presença do Secretário de Estado da Educação, Valter Victorino Lemos.

“Um brilho muito especial”
O acto decorreu no salão nobre dos paços do concelho que foi pequeno para tanta assistência. A mesa de honra foi assim formada: membro do governo, Valter Victorino Lemos, vice-reitora da Universidade de Aveiro, Isabel Martins, representante do governador civil, Custódio Ramos, representante do bispo de Aveiro, mons. João Gonçalves Gaspar, presidente da Assembleia Municipal, Vítor Rosa, presidente e vice-presidente dacâmara, respectivamente, Acílio Gala e Victor Oliveira.
Na plateia, alguns políticos no activo e muito mais candidatos a autarcas, o que concorreu para o aumento da assistência normal a estes actos, organizados pela câmara.
Na primeira fila, os condecorados, que, no dizer de Idália Sá-Chaves “viram sobre si um brilho muito especial”. Idália da Silva Carvalho Sá-Chaves, do Troviscal, Medalha Municipal de Mérito Académico Científico, grau ouro, pelo seu contributo no campo académico e científico e pelas sua intervenção cívica e cultural no concelho; Rosinda de Oliveira, da Mamarrosa, Medalha Municipal de Mérito Pedagógico-cultural, grau ouro, pelo seu contributo no campo da pedagogia, da cultura e da escrita; Adelino Baptista da Silva, da Palhaça, Medalha Municipal de Mérito Cultural, grau ouro, pelo seu contributo na preservação e divulgação do património histórico, ligado à arte sacra e cultural e cultural, especialmente do concelho e da Região da Bairrada: Manuel Simões Luzio, de Bustos, Medalha Municipal de Mérito Autarca, grau prata, pela dedicação, durante vinte anos, ao serviço público na sua freguesia. (No fim da condecoração, recebeu o tributo de simpatia e gratidão de um grupo de formandas do Ensino Recorrente de Bustos, comandado para professora, Regina Cunha); Associação Desportiva de Oiã, que comemorou há pouco os 25 anos de existência e que se fez representar por alguns dirigente e estandarte e atletas dos escalões de formação, Medalha de Mérito Desportivo, grau ouro, pelo seu contributo no enriquecimento cívico e desportivo dos jovens da freguesia; AMPER, de Perrães, Medalha de Mérito Sócio-cultural, grau ouro, pelos relevantes serviços de ordem social prestados nas áreas da infância e de idosos e na formação cívica e desportiva dos jovens (também esta associação festejou, este ano os 25 anos da sua profícua e proveitosa existência.
OLIBAR, LDA, empresa do ramo alimentar, Medalha Municipal de Mérito Económico-indústria alimentar, grau ouro, pelo seu contributo no desenvolvimento da indústria alimentar no concelho.

“Singularidades irrepetíveis”
“As pessoas, as associações, as colectividades e até as empresas com vocação social e recreativa são a alma da sociedade”, começo por afirmar o presidente, Acílio Gala, para acrescentar: “ora quanto mais e melhor qualificadas forem as pessoas, quanto mais intervenção cívica fizerem as pessoas, as associações e colectividades junto da comunidade e em especial junto dos jovens e quanto mais as empresas desenvolverem a sua vertente social e cultural junto dos seus colaboradores, mais justa e fraterna será a sociedade em que vivemos”.
Esta é a filosofia que está subjacente à atribuição de galardões, por parte de Acílio Gala, que considerou que cada pessoa é “uma singularidade irrepetível” pelo que a cada cidadão é solicitado “um contributo específico”, e foi esse contributo que, sob várias formas, foi dado pelos agraciados, que foi reconhecido: a dedicação ao ensino e investigação, a pedagogia e escrita, a preservação do património sacro e profano, o serviço do poder local, a contribuição para o desenvolvimento cívico e desportivo dos jovens, a solidariedade social e a actividade empresarial.

“Em nome da emoção”
Uma das agraciadas, Idália Sá-Chaves, fez o agradecimento, em nome pessoal e de todos - “não me cumpre nenhuma palavra especial em nome de ninguém, mas não posso deixar de o fazer em nome da emoção que todos nós estamos a partilhar” - disse. Mas não só: proferiu, com a classe e saber que se lhe reconhece, uma verdadeira lição desapiência, magnífica, rica na forma e no conteúdo, dissertando sobre o Mérito, que não é obra de uma só pessoa - “ninguém se forma e desenvolve sozinho”, relevou, é antes, “o mérito acumulado de tantos outros” e se “reflecte muito para além do espaço e do tempo que aqui se concretiza”. Isto é, em síntese, o mérito de qualquer um tem a participação de avós, pais, professores, sociedade. Foi um modo de “resgatar” todo um mundo de fi guras e devolver-lhes também o brilho destas condecorações.
Foi de tal modo rica a dissertação de Idália Sá-Chaves que o Secretário de Estado, no uso da palavra, logo começou por afi rmar que “após a intervenção da colega e amiga, deveria morder a língua três vezes e fi car calado...”, mas não ficou, e teceu algumas considerações gerais sobre a educação. A propósito das condecorações a que presidiu, afirmava que “só as melhores comunidades reconhecem os seus melhores”, e era o que a câmara de Oliveira do Bairro estava a fazer. “Penso que é um momento de grande significado pessoal, mas também comunitário”, realçou o membro do governo para concluir: “ precisamos de valorizar os valores da nossa comunidade, os méritos dos nossos concidadãos”. Como Acílio Gala lhe declarara que não iria mais a eleições, Valter Victorino Lemos não deixou de tecer elogios ao edil, num tempo e “num país em que se tornou moda dizer mal dos políticos ou da actividade política”, e felicitou-o “pelo esforço e tempo que dedicou, em termos institucionais, ao bem da comunidade”... “um esforço de muitos anos, que só é eficaz se for feito a favor da comunidade “.