quinta-feira, 5 de agosto de 2010

PSD: MAL-ESTAR LEVA PROJECTO DE REVISÃO À 'ESTACA ZERO'

Passos viu-se obrigado a abrir a porta a novas alterações ao documento. Grupo de trabalho insurgiu-se contra conteúdo do projecto e métodos de Teixeira Pinto.

A comissão nomeada por Pedro Passos Coelho para elaborar a proposta de revisão constitucional foi apanhada de surpresa por um anteprojecto de perfil muito diferente do que tinham colocado sobre a mesa. O clima de mal-estar levou o líder social-democrata a reunir--se, na semana passada, com os membros do grupo liderado por Paulo Teixeira Pinto. Perante a "ameaça" de uma demissão formal, com devida pompa pública, por parte de algumas das personalidades que integram a comissão, Passos comprometeu-se com um regresso a uma espécie de 'estaca zero' do dito documento.

Ou seja, a comissão tem em mãos o texto que foi aprovado no Conselho Nacional de 21 de Julho para sugerir novas alterações ou a supressão de normas das quais discorde até ao final de Agosto. Estão já marcadas duas reuniões, uma para 23 e outra para 31 deste mês. Mas as relações do grupo azedaram de tal forma com Teixeira Pinto que na comissão há quem duvide que ele tenha condições para se manter na sua liderança.

Segundo fontes da comissão, o líder ouviu um rol de queixas na reunião da semana passada. "Apesar de terem sido introduzidas algumas alterações no projecto no Conselho Nacional, a verdade é que ainda contém muitos disparates do ponto de vista técnico e político", sublinhou ao DN uma fonte do grupo de trabalho.

Vários dos membros da comissão - que integra, entre outros, Alves Correia, Assunção Esteves, Calvão da Silva, Diogo Leite de Campos, Jorge Bacelar de Gouveia, Luís Marques Guedes, Manuel Meirinho, Pedro Bettencourt Gomes, Pedro Gonçalves, Rui Medeiros, Victor Calvete e Guilherme Silva - fizeram sentir a Passos Coelho que, sem uma revisão do documento, os seus nomes ficariam conotados com um projecto no qual não se reconhecem.

E as críticas visaram directamente Paulo Teixeira Pinto, acusado de ter plasmado as suas próprias ideias, sem as consensualizar com o restante grupo de trabalho. O documento que foi apresentado nas comissões Política e Permanente, que antecederam o Conselho Nacional de dia 21, nem sequer era do conhecimento da comissão, garantiu um dos seus membros.

Segundo o DN apurou, o próprio Passos mostrou-se desagradado com essa falta de articulação. E sentiu-se obrigado a "recuar" neste processo de finalização do projecto de revisão. Até porque já tinha sido nomeada uma comissão de redacção, coordenada uma vez mais por Paulo Teixeira Pinto, a que se juntavam Calvão da Silva e Bacelar Gouveia.

"Agora que o processo correu mal, cabe a Passos Coelho decidir se vai mesmo querer assumir as despesas de um recuo nalgumas propostas ", sublinha outra fonte da comissão.

Na própria noite do Conselho Nacional, após alguma contestação, Passos admitia aperfeiçoamentos no projecto que será apresentado em Setembro no Parlamento e que será gerido pelo grupo parlamentar social-democrata. As propostas sobre o sistema político vão ser das que estarão agora sob fogo dos membros da comissão, que consideram as normas aprovadas "contraditórias e incongruentes".

Paula Sá, aqui