terça-feira, 31 de agosto de 2010

O "TRABALHO POLÍTICO" DAS SEXTAS

A agência Lusa andou a bisbilhotar na página electrónica da Assembleia da República e descobriu que, entre Outubro e Julho, os deputados deram um total de 681 faltas, o que até nem é coisa por aí além. Sendo eles tantos, não chega a três faltas por cabeça.

Portanto, pareceria que todos os deputados eram moderadamente faltosos - mas já se sabe que as estatísticas induzem em erro. Porque o certo é que no Parlamento houve quem não faltasse nunca, ao passo que, só à sua conta, um deputado faltou 40 vezes.

Manda a verdade que se diga que em muitos dos casos de faltosos não se sentiu a sua ausência; no Parlamento como nas equipas de futebol, «só fazem falta os que cá estão». Desde que não haja uma votação, os partidos estão-se nas tintas para que marquem presença, ou não, certos dos seus pares, bastando-lhes que se façam ver os que de facto contam. Ou seja, aqueles que intervêm nos trabalhos parlamentares e não se limitam a levantar-se ou a aplaudir…

Aliás, o regulamento da AR é muito liberal, pois dá aos seus membros as mais variadas saídas para justificar as ausências. É só eles escolherem entre «trabalho político», «motivo de força maior» ou «motivo considerado relevante». E o mais escolhido é «trabalho político», seja lá o que seja isso de «trabalho político».

Nesta recolha da Lusa, típica da «silly season», destaco eu um pormenor: 42,6% das faltas dos deputados foram dadas às sextas-feiras. Mas deve tratar-se de pura coincidência. E incorrerá em grave injustiça quem pensar que o que querem é arranjar um relaxante fim-de-semana prolongado, quando o mais provável é eles, dedicadamente, se porem a fazer «trabalho político», de preferência nos distritos pelos quais foram eleitos. Afinal, não é o que devemos esperar daqueles que escolhemos para nos representar?

Sérgio Andrade, aqui