José Silva participa na Viagem Medieval, em Santa Maria da Feira, representando um pobre. A seu lado, a burra Lusitana é a alegria dos mais novos e já é uma estrela.
José Silva representa um pobre. Tem uma longa barba e a cara coberta pelo negrume da terra batida palmilhada vezes sem conta num redopio de vagarosas viagens. Ao seu lado, segura por uma fita, segue a fiel companheira, a burra Lusitana que se tornou numa autêntica estrela da Viagem Medieval, pelo menos para os mais pequenos. O personagem do pobre, encarnada por José Silva e a sua burra, não tem referência nos cartazes de promoção do evento ou outras alusões de destaque, mas rivaliza com os personagens de alto gabarito, como os valentes guerreiros que trajam vestes muito vistosas sobre os seus altivos cavalos.
Que o digam as crianças que o solicitam quase até à exaustão para um passeio em cima do cuidado e espesso pêlo da simpática burra que, garante o dono, só perde a compostura quando vê algum cavalo por perto. “Há cerca de cinco anos lembrei-me comprar uma burra, de propósito para participar na Viagem”, lembra José Silva afirmando que foi uma irmã a pagar a factura, e por isso quanto custou.
O improvisado pobre nem sequer tinha espaço próprio para guardar a Lusitana durante o resto do ano. Mas isso não o demoveu. Uma pessoa amiga disponibilizou o espaço necessário ao resguardo e cuidados necessários. “Não lhe falta nada”, garante. “Gosto muito de andar com a burra de um lado para o outro na Viagem Medieval” justifica. Mas o que mais parece agradar a José Silva é a alegria das crianças. Os olhos que se distinguem do negro da cara brilham e parecem querer saltar de orbita tal é o entusiasmo com que fala dos passeios que as crianças dão no dorso da burra.
“As crianças adoram a Lusitana e fico muito feliz com isso”. “As pessoas querem muito andar nela e pedem-me também para tirar fotos”, explicou. A Lusitana e o seu dono transformaram-se em estrelas. Pequenas, mas reluzentes. Os forasteiros podem encontrar esta dupla de sucesso algures pelo recinto da Viagem Medieval ou aperaltados numa das recriações históricas em que venham a participar, à semelhança de edições anteriores.
Salomão Rodrigues, aqui
