terça-feira, 4 de janeiro de 2011

ESPINAFRES E ALFACE PODEM SER PERIGOSOS ATÉ AOS 3 ANOS


Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos diz que 200 gramas diários podem gerar alterações na hemoglobina.

Afinal, os espinafres e a alface em grandes quantidades podem ser perigosos para as crianças até aos três anos. O alerta é deixado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), que sublinha os efeitos agudos da ingestão de elevados níveis de nitrato, nomeadamente no fornecimento de oxigénio ao corpo.

Os especialistas ouvidos pelo DN desconhecem estes alertas mas lembram que as doses estudadas são superiores às que uma criança come.

A presença perigosa de nitratos nos chamados vegetais de folha só se verifica quando há a ingestão de elevadas quantidades, ou seja, mais de 200 gramas por dia. E acontece porque, no corpo humano, o nitrato é convertido em nitrito que, também em quantidades elevadas, pode conduzir a uma metahemoglobinémia. Ou seja, a uma alteração da hemoglobina, a proteína que transporta o oxigénio no sangue.

O Painel dos Contaminantes da Autoridade Europeia analisou o consumo destes alimentos pelas crianças e concluiu que os níveis de nitrato em alface não são preocupantes. Contudo, a possibilidade de risco de metahemoglobinémia não pode ser excluída em bebés e jovens crianças de um aos três anos, alerta.

A entidade europeia recomenda ainda que as crianças que sofrem de infecções gastro-intestinais de origem bacteriana não comam espinafres, porque estas infecções resultam precisamente na elevada conversão de nitrato em nitrito, aumentando, desta forma, o risco de alteração da hemoglobina.

Há ainda duas situações que podem acelerar a conversão do nitrato em nitrito: o armazenamento de vegetais de folha já cozinhados à temperatura ambiente e por longos períodos. E ainda a sua trituração e transformação em puré.

A legislação europeia já estabelece níveis máximos de nitratos em alimentos como o espinafre e a alface. E já em 2008 a questão tinha sido levantada por um parecer da EFSA, o que levou a Comissão Europeia a solicitar a recolha de mais informações.

O alerta publicado no site da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE). Mas os especialistas ouvidos pelo DN desconhecem as indicações.

Libério Ribeiro, pediatra e imunoalergologista, sublinhou que além de estes legumes já conterem em si nitratos, a forma como são cultivados também pode potenciar a concentração. Contudo, afasta grandes riscos, até porque, acrescenta, "não é nada comum uma criança ingerir 200 gramas destes legumes por dia". E aconselha: "nas sopas devem ser misturados vários ingredientes".

Alexandra Bento, da Associação Portuguesa de Nutricionistas, também ressalva a necessidade de reforçar a ideia de uma alimentação diversificada. "Se se variar, nunca se corre este risco", afirma. "E comer 200 gramas de legumes é um exagero."

Rita Carvalho, aqui