terça-feira, 27 de julho de 2010

OUTROS QUE PAGUEM A CRISE

Preocupado com "a pobreza e as desigualdades", o bispo auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo, desafiou os "políticos cristãos" a dar 20% dos rendimentos a um "fundo social", pois "aquilo que nós temos em situações de necessidade não é nosso, é do bem comum; este é o princípio da moral cristã".

Ouvidos pelos jornais, os políticos, cristãos e não, ou se puseram de fora ou, não se pondo de fora, também não se puseram dentro ou, tendo-se posto dentro, ficaram-se por declarações de intenção.

Começa a fazer escola - até, pelos vistos, na Igreja Católica - a demagógica ideia de que, sendo os políticos os responsáveis pela crise, eles que a paguem e não aqueles que engordaram com ela.

Há que reconhecer que a Igreja desenvolve já um importantíssimo trabalho assistencial, mas porque não ocorreu ao bispo desafiar também a sua Igreja (que gastou 60 milhões num novo e sumptuário templo em Fátima, ignorando-se quanto terá gasto com a visita do Papa) a dar 20% das receitas do Santuário para o tal "fundo social"? Ou o " princípio da moral cristã" de que "aquilo que temos não é nosso" não se aplica à Igreja?

Manuel António Pina in http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1627654&opiniao=Manuel%20Ant%F3nio%20Pina