terça-feira, 27 de julho de 2010

PORTUGAL A ARDER COM TERMÓMETROS ACIMA DOS 40ºC

Incêndios dos últimos três dias atingiram níveis de 2003 e 2005, os piores anos para as florestas portuguesas. Risco mantém-se para os próximos dias.

Com praticamente todo o país acima dos 40 graus centígrados, o número de incêndios florestais disparou para níveis de 2003 e 2005. Às 19 horas de ontem, 16 incêndios lavravam há mais de duas horas, levando para o terreno 719 bombeiros, 209 veículos e seis meios aéreos.

O último fim-de-semana foi mesmo o pior do ano em incêndios, admitiu a Protecção Civil. Registaram-se em Portugal 551 fogos, que envolveram mais de oito mil bombeiros e duas mil viaturas. E o risco elevado de incêndio deverá manter-se nos próximos 15 dias.

A diferença, explicou Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, é que "hoje estamos muito melhor preparados" para combater os incêndios florestais do que em 2003 e 2005, dois anos negros para as florestas portuguesas: 425.726 e 338.262 hectares de área ardida, respectivamente, que contrastam com os 86.674 hectares ardidos registados no ano passado.

Neste últimos anos, "aprendemos a conhecer melhor o fogo em relação ao tipo de terreno, foram adquiridas mais competências pelos meios de combate no terreno, existe uma melhor gestão e mais meios de vigilância no terreno", explicou Duarte Caldeira ao Diário Económico.

Os meios humanos de combate aos incêndios florestais triplicaram em sete anos, passando de 3.344 em 2003 para 9.985 em 2010, segundo dados da Autoridade Nacional de Florestas e da Protecção Civil. Os meios aéreos e terrestres também aumentaram e hoje existem disponíveis 56 helicópteros e aviões disponíveis e 2.177 veículos.

Só este ano, o dispositivo para a pior época de incêndios (Julho a Setembro) custará ao Estado 103 milhões de euros, mais 66,4 milhões que em 2005.

Duarte Caldeira considera que o contingente disponível é suficiente, explicando que "não é possível criar nenhuma estrutura de efectivos para dias atípicos como os do fim de semana, onde se registaram mais de 300 incêndios diários".

Urgências com actividade normal
A vaga de calor que fez subir os termómetros até aos 40º em vários distritos do país nos últimos três dias ainda não se reflectiu nas urgências dos maiores hospitais do país. Fonte do hospital de Santa Maria, em Lisboa, explicou que é preciso a vaga de calor prolongar-se por cinco a seis dias para se notar um maior fluxo no serviço de urgências. Também a Norte, os hospitais de São João e Santo António confirmaram que a actividade nas urgências registou níveis de afluência normais.