sexta-feira, 28 de maio de 2010

PENDURADOS E OTÁRIOS

Por iniciativa do JORNAL DA BAIRRADA e com a presença de vários empresários locais, realizou-se ontem na Quinta do Regote, Águeda, um Jantar/Conferência subordinado ao tema "O Papel das PME Numa Economia Global, em que foi orador principal António Nogueira Leite. É também deste economista o artigo que a seguir se transcreve.
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Em Portugal vive muito mais gente à conta dos recursos comuns do Estado do que os 50% da população a que eu e demais economistas costumamos aludir: os funcionários públicos, os cerca de 3 milhões de pensionistas, os beneficiários do subsídio de desemprego e do rendimento social de inserção e ainda os que recebem outros tipos de prestações sociais.

Como o deputado Miguel Macedo referiu esta quarta-feira, dentre as rubricas do Consumo Público de bens e serviços encontramos marcas claras de um país que vive pendurado no sector público. Só em estudos e pareceres a Administração Directa do Estado, que emprega mais de 750 000 pessoas, precisa de ainda contratar 189 milhões de euros em serviços ao exterior.
Sabemos que cortar aqui vai ser mais difícil do que lançar o anátema da insustentabilidade financeira sobre os funcionários ou sobre os pensionistas, onde também há muita racionalização a fazer. Mas se o governo não quiser cortar nestas gorduras, começando por moderar os hábitos dos que muito beneficiam de nele estarem há muito pendurados, acabará por sofrer as consequências do incumprimento dos seus compromissos internacionais. Aí cairemos todos: os que há muito progridem pendurados no Estado e os otários que os suportam.