A selecção portuguesa de futebol iniciou esta tarde a sua participação
no campeonato do mundo, e acabou o jogo sem ter marcado qualquer golo e, pior
do que isso, encaixou quatro tentos dos teutões, e parece ter perdido alguns
jogadores para os próximos jogos à custa de uma expulsão infantil e de lesões
imprevistas.
Com um fio
de jogo exasperadamente titubeante e ainda mais lento que a narrativa do
treinador não faltarão, apesar disso, os medíocres do costume que, incapazes de reconhecer o atropelamento de que fomos vítimas à custa de um verdadeiro recital de futebol, aí estarão lestos a atirar a culpa do massacre
para cima do árbitro, da temperatura, da humidade ou até mesmo do fuso horário,
factores que, jurarão a pés juntos, jogaram todos combinados a favor dos
alemães.
Foi um
jogo tão mauzinho, que não vale a pena fazer grande comentários.
Mas depois do banho táctico
que Joachim Low deu a Paulo Bento (ganhou superioridade no meio campo ao optar por um
ponta-de-lança rápido e versátil, que mesmo ausente acabou por estar presente
na área quando foi preciso, tendo destroçado uma defesa atarantada e
complicativa), parecem reunidas as condições para que tudo volte à normalidade.
Para isso, será preciso que a imprensa escrita,
mas principalmente a falada, dê o seu contributo, estancando o caudal de verborreia
fútil com que diariamente bombardeia leitores, ouvintes e telespectadores, ajudando-nos
a descer à terra para que voltemos todos a ter a realidade como medida e o
realismo como princípio, sem expectativas excessivas nem optimismo desmesurado, conscientes
da mediocridade de um treinador
apático e agarrado às certezas dos resultados in extremis que nos levaram ao Brasil, teimoso e alheio às baixas
de forma e às lesões, e que à custa destas pobres convicções apostou (ou terá sido
obrigado a apostar!) numa equipa à sua imagem, mediana, sem atitude nem
criatividade, presa por
arames e sempre à boleia dos
coelhos que Cristiano Ronaldo tem conseguido tirar da cartola, como aconteceu
no fabuloso jogo em que, praticamente sozinho, reduziu a cinzas a selecção da Suécia.
Como em tudo e em todas as coisas, ‘elas estão sempre a acontecer…’.