segunda-feira, 16 de junho de 2014

'ELAS ESTÃO SEMPRE A ACONTECER...'


A selecção portuguesa de futebol iniciou esta tarde a sua participação no campeonato do mundo, e acabou o jogo sem ter marcado qualquer golo e, pior do que isso, encaixou quatro tentos dos teutões, e parece ter perdido alguns jogadores para os próximos jogos à custa de uma expulsão infantil e de lesões imprevistas.

Com um fio de jogo exasperadamente titubeante e ainda mais lento que a narrativa do treinador não faltarão, apesar disso, os medíocres do costume que, incapazes de reconhecer o atropelamento de que fomos vítimas à custa de um verdadeiro recital de futebol, aí estarão lestos a atirar a culpa do massacre para cima do árbitro, da temperatura, da humidade ou até mesmo do fuso horário, factores que, jurarão a pés juntos, jogaram todos combinados a favor dos alemães. 

Foi um jogo tão mauzinho, que não vale a pena fazer grande comentários.

Mas depois do banho táctico que Joachim Low deu a Paulo Bento (ganhou  superioridade no meio campo ao optar por um ponta-de-lança rápido e versátil, que mesmo ausente acabou por estar presente na área quando foi preciso, tendo destroçado uma defesa atarantada e complicativa), parecem reunidas as condições para que tudo volte à normalidade.

Para isso, será preciso que a imprensa escrita, mas principalmente a falada, dê o seu contributo, estancando o caudal de verborreia fútil com que diariamente bombardeia leitores, ouvintes e telespectadores, ajudando-nos a descer à terra para que voltemos todos a ter a realidade como medida e o realismo como princípio, sem expectativas excessivas nem optimismo desmesurado, conscientes da mediocridade de um treinador apático e agarrado às certezas dos resultados in extremis que nos levaram ao Brasil, teimoso e alheio às baixas de forma e às lesões, e que à custa destas pobres convicções apostou (ou terá sido obrigado a apostar!) numa equipa à sua imagem, mediana, sem atitude nem criatividade, presa por arames e sempre à boleia dos coelhos que Cristiano Ronaldo tem conseguido tirar da cartola, como aconteceu no fabuloso jogo em que, praticamente sozinho, reduziu a cinzas a selecção da Suécia.

Como em tudo e em todas as coisas, ‘elas estão sempre a acontecer…’.