Senhor Diretor da Faculdade de Direito da Universidade de
Coimbra
Senhor Doutor António dos Santos Justo:
O nosso primeiro
contacto com o Direito, foi sob os cuidados de Vossa Excelência: a disciplina
de Direito Romano – unidade curricular, como agora se diz… - passou no ano
letivo de 1979/80 para o primeiro ano do plano do curso…
Ius.
Derectu, directum. Dereito, derecho, diritto, droit, direito, Recht, right,
etc…
A deusa romana Iustitia de olhos vendados e segurando a balança com o fiel ao
meio, a deusa grega de olhos abertos e de espada na mão…
Nesse primeiro ano, os “Gerais” estavam
em obras, não tínhamos “casa própria”, percorríamos as químicas e as físicas e
as matemáticas, as farmácias e as letras… Fomo-nos debatendo com o quid ius? – e sobrevivemos, com
dificuldade, à busca e achamento do princípio normativo…- e respondemos a todos
os quid iuris? – centenas… - que nos
foram formulando ao longo dos cinco anos do curso…
… Escreveu o Padre
António Vieira, num dos seus sermões (Sermão XXIV, vigésimo quarto): “Não é
fácil dar boa conta, nem ainda contar o que não tem conto”…
- Senhor Diretor.
Afinal, o que celebramos hoje e
aqui?
- Durante cinco anos, aqui vivemos,
foi aqui que nos formámos…
O que os homens costumam festejar
com maiores demonstrações de gozo, parabéns e aplausos, públicos e privados,
são os nascimentos (Padre António Vieira).
É isso o que festejamos: o nosso
nascimento e a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra como nossa “alma mater”, aquela que nos deu à luz…
“A quem começa a vida, tudo fica de
futuro, de esperança, de promessa de bens… o que festejamos num nascimento, não
o que já éramos, mas o que havíamos de ser… “as coisas não começam do
princípio, como se cuida, senão do fim” (palavras do Padre António Vieira: sermão
do nascimento da Mãe de Deus II, VII).
Mas, do fim, no sentido de
finalidade, o para que…; interessa festejar o fim para que nascemos, o
fim para que começámos e prosseguimos… e a Faculdade colocou-nos diante dos
olhos o fim para que nascemos para o Direito: para a realização da Justiça e do
Direito, para o respeito pela dignidade da pessoa humana, para a realização da igualdade
e da liberdade.
- Muito obrigada!
(Rita Xavier)