Felizmente,
terminou a campanha eleitoral, que decorreu repetitiva, maçadora, sem
novidade. Todos os que entravam no poder fIzeram tudo o que tinham ao
seu alcance: inaugurações (algumas pela segunda vez ou mais),
inauguraram tudo, a fonte, o metro de estrada, discurso de lata e sem o
menor rubor na face.
À mistura, as promessas vãs, a ameaça, a
insinuação malévola, facebook a denegrir, a mesquinhar.
Os
que buscam substituir o poder instalado fazem das fraquezas forças,
coitados, não têm nada que os leve a deitar foguetes, lutam com armas
desiguais, embora a maior parte das vezes, com argumentos válidos e
promessas irrealizáveis de que também sofrem os primeiros. Todos
disseram cobras e lagartos uns dos outros, não se coibindo de baixar à
lavagem de imensa roupa suja.
Se
isto foi a nível local, lá por cima, estes mesmos disparates.
Bombardearam-se uns aos outros com palavras-chave, com slogans e
cassetes gastas, preocuparam-se demasiado com o umbigo pessoal ou a
barriga do partido, trataram da política nacional (quase sempre
pobremente) o país real que são as freguesias e os concelhos, isso é
coisa de somenos, o país real que se lixe, não vieram à baila a
corrupção, as obras megalómanas, os desperdícios financeiros, os
foguetes e as canas, vai tudo bem, mesmo com Câmaras falidas ou à beira
disso. Enfim, o eterno faducho para adormecer os incautos…
Campanha
que, em vez de nos ajudar aos olhos dos credores, só nos empobrece, ao
mostrar cada vez mais a menor possibilidade de consensos, tão
necessários como o pão para a boca, e mostrar cada vez mais as chagas do
lado e a fatalidade de um novo resgate.
À
hora em que redigimos estas rotas, ainda não sabemos quaisquer
resultados. Mas sejam quais forem, não vão fazer encolher a nossa mão
eternamente estendida à Europa, mal que já vem do século XV.
Cavaco
Silva falou de uma coisa que os políticos em campanha não falaram: da
necessidade de legislar sobre eleições. Se isso quer dizer metade dos
deputados na Assembleia da República, é assertivo; se é para travar esta
pouca vergonha dos políticos serem verdadeiros saltimbancos hoje,
presidente aqui no seu concelho, amanhã no concelho vizinho, mantendo-se
eternamente preso à teta do Estado, palmas. Se não for para nada disto,
bolas!
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada, de 3 de Outubro de 2013