segunda-feira, 7 de outubro de 2013

FADO SABIDO

Felizmente, terminou a campanha eleitoral, que decorreu repetitiva, maçadora, sem novidade. Todos os que entravam no poder  fIzeram  tudo o que tinham ao seu alcance: inaugurações (algumas pela segunda vez ou mais), inauguraram  tudo, a fonte, o metro de estrada, discurso de lata e sem o menor  rubor na face.  

À mistura, as promessas vãs, a ameaça, a insinuação malévola, facebook a denegrir, a mesquinhar.

Os que buscam substituir o poder instalado fazem das fraquezas forças, coitados, não têm nada que os leve a deitar foguetes, lutam com armas desiguais, embora a maior parte das vezes, com argumentos válidos e promessas irrealizáveis de que também sofrem os primeiros. Todos disseram cobras e lagartos uns dos outros, não se coibindo de baixar à lavagem de imensa roupa suja.

Se isto foi a nível local, lá por cima, estes mesmos disparates. Bombardearam-se uns aos outros com palavras-chave, com slogans e cassetes gastas, preocuparam-se demasiado com o umbigo  pessoal ou a barriga do partido, trataram da política nacional (quase sempre pobremente) o país real que são as freguesias e os concelhos, isso é coisa de somenos, o país real que se lixe, não vieram à baila a corrupção, as obras megalómanas, os desperdícios financeiros, os foguetes e as canas, vai tudo bem, mesmo com Câmaras falidas ou à beira disso. Enfim, o eterno faducho para adormecer os incautos…

Campanha que, em vez de nos ajudar aos olhos dos credores, só nos empobrece, ao mostrar cada vez mais a menor possibilidade de consensos, tão necessários como o pão para a boca, e mostrar cada vez mais as chagas do lado e a fatalidade de um novo resgate.

À hora em que redigimos  estas rotas, ainda não sabemos quaisquer resultados. Mas sejam quais forem, não vão fazer encolher a nossa mão eternamente estendida à Europa, mal que já vem do século XV.

Cavaco Silva falou de uma coisa que os políticos em campanha não falaram: da necessidade de legislar sobre eleições. Se isso quer dizer metade dos deputados na Assembleia da República, é assertivo; se é para travar esta pouca vergonha dos políticos serem verdadeiros saltimbancos hoje, presidente aqui no seu concelho, amanhã no concelho vizinho, mantendo-se eternamente preso à teta do Estado, palmas. Se não for para nada disto, bolas!

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada, de 3 de Outubro de 2013