sábado, 20 de julho de 2013

A NOSSA TROIKA E O RESTO

O país anda naturalmente entretido, digamos assim, com a troika à portuguesa a quem o supremo magistrado do que resta desta Nação impôs a ciclópica missão de rabiscar, num espaço de tempo "muito curto", os termos da solução para Portugal.

Verdade que o país anda, sem sucesso, há umas boas décadas atrás dos tais termos. Sendo atores outros e as condições mais gravosas, pode ser que, desta vez, os termos apareçam.


O leitor sabe que colar os olhos no televisor assemelha-se, por estes dias, a viajar numa montanha-russa, tamanhas e tão constantes são as emoções, sempre catalogadas com um quase trágico "última hora, que os pivôs das estações transmitem. É, por isso, natural que o resto nos escape com a mesma facilidade com que se nos escapa a areia por entre os dedos. Por mais importante que o resto seja.

Eis um exemplo desse "resto": razia de negativas nos exames dos ensinos Básico e Secundário, precedida por uma razia de negativas nas provas do ensino Primário (escapou Português, por uma unha negra). Olhar com cuidado e atenção para os números que traduzem esta realidade (ver jornais da passada terça--feira) é uma dor de alma. Em certo sentido, o descalabro do Ensino anda a par com o descalabro, agora à vista de todos, que tem sido a governação do país, independentemente do comandante de circunstância.

Tal como na Economia e nas Finanças, por exemplo, também na Educação as políticas têm bailado entre o facilitismo extremo e o paroxismo da dificuldade. Sou do tempo em que a estupidificante Prova Geral de Acesso contava 50% para a nota de entrada em cursos como Economia. Mas também sou do tempo, este, em que o ministro que, antes de o ser, queria "implodir" o Ministério da Educação acha, muito simplesmente, que a culpa da catástrofe é dos alunos que não estudam e dos professores que não sabem ensinar. Assim: tão simples e tão perturbantemente desastroso como isto.

Conto-me entre os que entendem que a meritocracia não é apenas uma palavra com pinta: é um caminho - o melhor caminho, porventura - para construir um país mais justo e equilibrado, mais competitivo e capaz. Sem exigência não há boa Educação. Sem boa Educação não há bom país.

O problema está onde sempre esteve: na absoluta, perniciosa, escandalosa e criminosa instabilidade que os sucessivos governos introduzem no sistema educativo. Também para ele era necessário uma espécie de pacto de regime.

Sem querer tomar a nuvem por Juno, as notas dos exames não refletem a qualidade dos alunos e dos professores. Não podem refletir, sob pena de estarmos definitivamente perdidos. A maioria dos alunos e professores são maus ou muito maus? Recuso-me a acreditar.

Retirada daqui