Vai para aí uma barulheira
infernal.
Causa: um relatório encomendado a técnicos do FMI, especialistas em
cortes cegos em casa alheia cuja história mal conhecem, onde os seus
governantes, hoje emigrantes de luxo, foram insensatos e loucos.
Foi um
relatório surpresa, anunciado primeiro pela imprensa do que pelo governo.
Quem veio anunciar o estudo,
feito sobre elementos de 2003 e 2010, foi Carlos Moedas, sorriso cínico entre dentes.
Entre o eufórico e o insensato, disse que estava bem feito, à medida das nossas
precisões. Mas na verdade o que o país precisava era de ter menos e melhores
deputados, menos e melhores políticos, mais capazes, honestos e sérios. Depois,
aliviando a corda, Passos veio tentar acalmar os que assarapantados andam com
tão gravosas receitas, muito mais do mesmo, dizendo que o relatório não será
bíblia da reforma do Estado.
Nem tão pouco o governo alguma vez foi bom
profeta, mensageiro da salvação. Vivemos à beira do inferno. Enquanto o PS, que
também não diz claramente o que faria, recusa fazer parte da Comissão de cortes
para a refundação do Estado, que deveria mobilizar todos e levar o tempo
necessário. Assunto viciado à nascença, só pode dar em fiasco. Mais um.
Reforma do Estado (ou apenas aprovação de mais pesados cortes)?, feita à pressa,
só pode dar asneira grossa. Quem paga? O povo.
À crise financeira, a que se
junta uma data de trapaceiros e gente incapaz de fazer direito, incluindo
Aníbal, não tardará a crise política para dar cabo do resto. Se os partidos do
arco do poder não se sentarem com seriedade à mesa e dialogarem, olhos nos
olhos.
A tudo isto se juntam os
clamores junto do Tribunal Constitucional por via de algumas medidas drásticas
do Orçamento.
Esperamos que algumas não sejam inconstitucionais apenas porque mexem
com a barriga cheia dos grandes.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 17 de Janeiro de 2013